Apesar do discurso oficial de tentar desqualificar a pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (26), o resultado que mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 21 pontos percentuais de vantagem sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) acendeu sinal vermelho entre integrantes da campanha governista.
Lula aparece com 48% dos votos contra 27% de Bolsonaro. Considerados somente os votos válidos (o que exclui brancos e nulos), o petista venceria no primeiro turno se a eleição fosse hoje.
Pesquisa estimulada de intenção de voto
Arte/g1
De forma reservada, interlocutores de Bolsonaro reconhecem que a situação econômica, com inflação na marca dos 12% causou um estrago na campanha.
Nas palavras de um integrante da campanha de Bolsonaro, é preciso reconhecer os recados da pesquisa. Lula consolidou sua vantagem no Nordeste, onde aparece com 62%, contra 17% de Bolsonaro. A diferença é grande também entre eleitores desempregados (57% a 16%) e entre os que recebem o Auxílio Brasil (59% contra 20%). Na simulação de segundo turno, Lula ampliou a vantagem.
“É claro que o problema está na economia. Não adianta tentar mudar de assunto. A vida real será decisiva nessa eleição”, observou uma influente liderança do Centrão preocupada com o resultado do levantamento.
Segundo o Datafolha, 54% dizem não votar em Bolsonaro de jeito nenhum, ante 33% de Lula. “O grande problema passou a ser essa rejeição proibitiva”, afirmou esse político bolsonarista.
Antes mesmo da divulgação da pesquisa, integrantes do Centrão demonstravam preocupação com o agravamento do quadro econômico e com o comportamento do presidente Jair Bolsonaro de criar uma cortina de fumaça com ataques ao Supremo Tribunal Federal, ameaças ao resultado das eleições e críticas à Petrobras.
A percepção até mesmo de aliados é que isso só agrava a situação eleitoral de Bolsonaro por criar uma instabilidade política em vez contribuir para resolver a grave crise econômica — ou seja, aquele eleitor moderado que votou em Bolsonaro em 2018, fugindo do PT, agora está rejeitando o presidente.
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