Após quase um ano com a Taxa Selic estabelecida em 13,75%, o Comitê de Política Monetária (Copom), reduziu na primeira semana de agosto 0,50 ponto, deixando-a em 13,25%. O corte é visto com bons olhos pelo setor de florestas comerciais, que oferece investimento de longo prazo, e é considerado alternativa ideal para tempos de queda na Selic. Especialistas do mercado financeiro projetam que a taxa deve chegar a 12% até o final de 2023, de acordo com o último boletim da Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) no final de julho.
A Taxa Selic é um índice econômico que representa a taxa básica de juros do país, sendo que seus movimentos influenciam todas as taxas de juros do Brasil. O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) é uma infraestrutura do mercado financeiro brasileiro operada pelo BC, em que é feito a custódia, registro e liquidação de títulos públicos e federais emitidos pelo Tesouro Nacional. A taxa média registrada nas operações feitas nesse sistema corresponde à Selic.
O valor dela aponta quanto o governo paga de juros para os investidores que compraram esses títulos públicos. A taxa ajuda a controlar a inflação no país, tendo em vista que sua alta deixa o crédito mais caro, de forma que a população reduz o consumo. Em tempos de alta, são preferíveis investimentos em renda fixa, como o tesouro direto. Mesmo nessa situação, ainda é possível considerar a floresta comercial como opção de investimento, pois a diversificação na carteira é uma estratégia para diminuir a exposição do investidor ao risco.
Quando a trajetória está em queda, investimentos de longo prazo e baixo risco se destacam, como é o caso da plantação de florestas comerciais de Mogno Africano, explica Renata Brito, economista e diretora executiva do Instituto Brasileiro de Florestas (IBF). “O retorno financeiro é baseado no crescimento biológico das árvores, ou seja, os ativos florestais não sofrem com a volatilidade do mercado, e por esse motivo o é uma ótima opção de investimento agora com a possível queda da Selic”, diz. O Mogno Africano, que é uma madeira nobre, possui ciclo de 17 a 20 anos, mas a partir do 13º ano já é possível ter retorno financeiro sobre o investimento. Até o final do ciclo, a floresta pode gerar receita acima de R$ 1,5 milhão por hectare.
De acordo com o relatório anual de 2022 do Instituto Brasileiro de Árvores (Ibá), “o valor adicionado da cadeia produtiva florestal cresceu 7,5%, em 2021, superior à evolução do PIB nacional, chegando a um recorde na receita bruta de de R$ 244,6 bilhões”. O Ibá prevê que projetos que visam ampliação de fábricas, plantio e novas unidades estão na ordem de R$ 35,5 bilhões até 2023.
Segundo a economista, os números refletem a alta rentabilidade que as florestas comerciais podem proporcionar. “No caso da IBF, temos um Polo Florestal na cidade de Pompéu, localizado em Minas Gerais, um complexo de áreas que conta com mais de 300 participantes. A madeira nobre do Mogno Africano pode gerar um retorno financeiro superior a 18% ao ano”, pontua Renata.
A pesquisa do Ibá indica que o setor florestal cresce, em contramão da desindustrialização que o Brasil enfrenta. A madeira atende a demanda de diversos setores pela capacidade de ser transformada em diferentes produtos como: celulose, papel, piso laminado e painel de madeira, por exemplo. Ainda de acordo com o levantamento, em 2021, houve um aumento na produção desses produtos no Brasil para suprir a demanda do mercado.
A produção de celulose, por exemplo, cresceu 7,4% entre 2020 e 2021; a de papel subiu 4,2%; o setor de painéis e pisos de madeira teve crescimento de 14,6%. “A madeira tem diversas aplicabilidades, e uma das principais vantagens de investir em ativos florestais é que não há necessidade de ser especialista no assunto”, ressalta Renata. Para se tornar um investidor, é necessário comprar um lote de terras ofertado pelo IBF e todo o processo de plantio, estudo de solo, e cuidado com a plantação até a fase final de corte das árvores é gerido e realizado pelo instituto, ou seja, não é preciso conhecimentos em plantio ou gestão florestal.
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