Eles foram adquiridos pelo governo federal, em 2020, através da companhia filandesa Iceye; foi ela quem contratou a empresa de Elon Musk para fazer o lançamento. Dois satélites brasileiros são lançados por foguete da SpaceX
Os dois novos satélites brasileiros, que foram adquiridos pelo Brasil através da empresa finlandesa Iceye, em 2020, foram lançados da base espacial de Cabo Canaveral, no estado da Florida, Estados Unidos, nesta quarta-feira (25). O lançamento foi transmitido ao vivo pelas redes sociais (veja vídeo acima).
A SpaceX, empresa do bilionário americano Elon Musk, foi contratada pela Iceye para fazer o lançamento e colocar os satélites em órbita com o foguete Falcon 9. Essa negociação não envolveu o governo brasileiro.
Batizados de Carcará I e Carcará II, em homenagem à ave de rapina brasileira, o governo federal afirma que comprou os satélites com recursos do orçamento do Ministério da Defesa. Os dois custaram US$ 33 milhões — cerca de R$ 165 milhões — e fazem parte do Projeto Lessonia.
Conforme a Força Aérea Brasileira (FAB), eles irão permitir que áreas de interesse do país sejam monitoradas de forma contínua para combater crimes como o tráfico de drogas e monitorar desastres naturais.
A operação só começa de forma definitiva em novembro, pois os equipamentos precisam desse tempo para a adequação à órbita, afirma a FAB. Detalhes de como será esse monitoramento, como emissão de alertas para órgãos de segurança pública ou de meio ambiente, não foram divulgados.
“As imagens captadas pelos satélites serão utilizadas em apoio ao combate ao tráfico de drogas e mineração ilegal, atualização de produtos cartográficos, determinação da navegabilidade dos rios, visualização de queimadas, monitoramento de desastres naturais, vigilância da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e apoio às operações de vigilância e controle das fronteiras, entre outras capacidades”, diz.
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Setélites foram colocados em órbita por foguete da SpaceX, de Elon Musk
Reprodução
O Comandante da Força Aérea Brasileira, Carlos de Almeida Baptista Junior, afirma ainda que os satélites irão usar uma tecnologia radar que permite observar o terreno mesmo quando há uma cobertura de nuvens com imagens de alta resolução.
“São mais precisos que os satélites que fazem varredura ótica, que possuem uma leitura mais limitada, porque não ‘furam’ as nuvens e restrigem nossa capacidade de monitorar regiões como a Amazônia”, disse em nota.
Porém, essa afirmação é contestada por Gilberto Câmara, especialista em vigilância por satélite com histórico de mais de 4 décadas de atuação na área ambiental.
Ele foi diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entre 2005 e 2012 e diretor do órgão das Nações Unidas que trabalha com observação da Terra (Group on Earth Observations, em inglês) de 2018 a 2021.
“Já temos um sistema de fiscalização que é admirado no mundo todo. O trabalho do Inpe tem 1.500 artigos científicos. Esses dois satélites não têm comprovação científica. Na ciência não existe alegação, existe prova e evidência científica. Falam de uma tecnologia rara, mas não se sabe se é real. oda semana o Inpe atualiza a situação mapeada com alertas. Esses novos emitirão como?”, indaga.
“Posso assegurar que não tem nenhum sistema que oferece hoje a qualidade do que o Brasil faz para o monitoramento de florestas tropicais. Nosso sistema é o único que tem as características necessárias”, afirma Câmara.
Desde 1988, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, recebe e processa os dados sobre perda de floresta. As imagens são obtidas via satélite e o nível de precisão é de 95%, segundo o próprio instituto.
Ainda conforme a FAB, cada satélite tem dimensão de um metro cúbico, pesa cerca de 100 quilos e possui cinco painéis solares.
Imagem de satélite mostra fumaça avançando da região da Amazônia até o sul e sudeste do País
Divulgação/Inpe
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