Entre as mais proeminentes figuras de Brasília, o ex-ministro dos governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB) e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, é visto como um articulador hábil, capaz, inclusive, de antecipar os rumos da política.
Nos últimos meses, o dirigente viu naufragar seus planos de construir uma candidatura própria à Presidência da República e ouviu de correligionários o apelo para que os diretórios fossem liberados para fechar os apoios que bem entendessem com os principais postulantes ao Palácio do Planalto, em um movimento que resultou na sugestão de neutralidade da sigla na eleição presidencial, oficializada na quinta-feira, 14.
“Não temos unidade para caminhar coligados com um candidato de outro partido. Diante das opções existentes, haveria preferências diversas”, disse em nota publicada nas redes sociais.
No decorrer das tratativas, Kassab resistiu às investidas da cúpula do PT, que tentou selar uma aliança com o cacique ainda no primeiro turno, e não mediu esforços para tentar se equilibrar no meio da polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PT), a fim de garantir que o seu principal objetivo – expandir a bancada da legenda na Câmara dos Deputados – seja alcançado.
No Centro-Oeste, Lula fechou um acordo com o senador Carlos Fávaro (PSD), para quem “os avanços foram muito maiores na administração do presidente Lula”, enquanto Bolsonaro deve se beneficiar do apoio do PSD ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), crítico das gestões petistas. Nos três Estados da região Sul, o apoio ao presidente da República é consolidado.
Nos cálculos de Kassab, tanto Lula quanto Bolsonaro têm o endosso do PSD em cerca de dez Estados. Ele, no entanto, minimiza a divisão e costuma dizer que, em um partido de centro, é normal que alguns fiquem mais à direita e outros à esquerda.
Na nota divulgada na quinta-feira, 14, porém, o ex-ministro afirma que “no momento apropriado, de modo a não interferir na boa governança partidária, já que ocupo a presidência nacional do PSD, compartilhei minha preferência pessoal para este pleito”.
Em fevereiro deste ano, em entrevista à CNN Brasil, Kassab foi textual ao dizer que seu partido não apoiará a reeleição de Bolsonaro. Líderes do PT têm essa mesma convicção e, apesar da atual divisão, contam com o apoio do cacique partidário em um segundo turno, quando o destino de deputados, de senadores e do próprio PSD estarão selados nas urnas.
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