Fraude cresce em aplicativos de mensagem e redes sociais, explorando a necessidade da população por alimentos mais baratos
Por Nardel Azuoz
A promessa de uma cesta básica completa por valores muito abaixo do mercado tem atraído milhares de brasileiros para uma armadilha virtual. Trata-se do chamado “golpe da cesta básica”, esquema cada vez mais frequente em aplicativos de mensagem e redes sociais, no qual criminosos usam sites falsos e anúncios enganosos para roubar dinheiro e dados pessoais de consumidores.
Segundo especialistas em segurança digital, o golpe segue um roteiro semelhante: a vítima recebe um link ou anúncio oferecendo cestas básicas a preços entre R$ 30 e R$ 50, supostamente subsidiadas por grandes supermercados, ONGs ou até programas do governo. Para garantir a “compra” ou o “cadastro”, é solicitado o pagamento antecipado via Pix ou cartão, além do preenchimento de dados pessoais como nome, CPF e endereço.
O resultado é duplamente negativo: o dinheiro não retorna e as informações acabam utilizadas em outros crimes, como abertura de contas fraudulentas e empréstimos ilegais.
Crescimento e impacto social
A prática ganhou força em um cenário de alta nos preços dos alimentos e aumento da insegurança alimentar no Brasil. Dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN) apontam que cerca de 70 milhões de brasileiros convivem com algum grau de dificuldade para colocar comida na mesa.
“Os golpistas sabem que muitas famílias dependem de cestas básicas para sobreviver. Eles exploram a vulnerabilidade e a boa-fé das pessoas”, explica o perito em cibersegurança Marcos Almeida.
Como identificar o golpe
Entre os principais sinais de alerta estão:
- Ofertas muito abaixo do preço de mercado;
- Links estranhos, geralmente encurtados ou com erros de grafia;
- Solicitação de pagamento antecipado sem emissão de nota fiscal;
- Mensagens que pedem compartilhamento em grupos para liberar a “oferta”.
Órgãos de defesa do consumidor orientam que, em caso de dúvida, o cidadão busque informações diretamente nos canais oficiais de supermercados, instituições sociais e programas governamentais.
Autoridades investigam
Polícias civis de diferentes estados já receberam denúncias e investigam grupos especializados nesse tipo de crime digital. Em São Paulo, a Delegacia de Crimes Cibernéticos abriu inquérito após centenas de vítimas relatarem prejuízos nos últimos meses.
Enquanto isso, especialistas reforçam: “Nenhuma instituição séria vende cesta básica por meio de links de WhatsApp sem identificação. Desconfie sempre, fique bem atento e lembre-se do ditado popular: o barato sai caro.
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