Parlamentares do partido Novo receberam nesta quinta-feira (18) um pedido de convocação de Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para prestar esclarecimentos à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. A iniciativa ocorre na esteira da nova fase da Operação Sem Desconto.
Em 4 de dezembro, a CPMI do INSS chegou a analisar um requisito de convocação de Fábio para apurar um possível envolvimento dele no esquema, mas parlamentares da base do governo conseguiram barrar o pedido.
O partido sustenta que a convocação é crucial para garantir à sociedade que “nenhuma conexão relevante será omitida na apuração da maior fraude já praticada contra aposentados e pensionistas no país”.
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A decisão que autorizou a operação desta quinta aponta que Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, teria feito cinco pagamentos de R$ 300 mil feitos a uma empresa de Roberta Luchsinger, amiga Lulinha. Em conversas evidenciadas pela PF, o empresário afirma que o destinatário dos valores seria “o filho do rapaz”, sem especificar a quem se referia.
O nome completo do filho de Lula não é citado na decisão e ele não é investigado. Em uma das mensagens, a empresária tenta tranquilizar o Careca do INSS dizendo: “na época do Fábio falaram de Friboi, de um monte de coisa o (sic) maior… igual agora com você”. Em 2015, Fábio processou políticos por relacionarem, sem provas, seu nome à Friboi, empresa controlada pela J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista.
Para o líder do Novo na Câmara, Marcel van Hattem (RS), as mensagens “são mais do que comprometem: são provas de que o filho de Lula está implicado neste escândalo”. Mais cedo, Lula afirmou que, caso seu filho esteja envolvido, deveria ser investigado.
“É concluído, agora, que ele seja convocado e faremos, novamente, o requerimento para avaliação da CPMI”, disse o deputado. “Veremos agora se o presidente disse será seguido pela base na Comissão ou se é apenas mais uma bravata de Lula para jogar para a torcida enquanto cega todos os suspeitos por corrupção em seu governo – inclusive seus familiares”, destacou o líder.
O documento também foi assinado pelos deputados Adriana Ventura (SP) e Luiz Lima (RJ), e pelo senador Eduardo Girão (CE). Os parlamentares enfatizam que a convocação não implica “juízo antecipado de culpa”, mas sim o cumprimento do dever constitucional de fiscalização e controle.
Em nota, a deputada Rosângela Moro (União-SP) afirmou que há uma “cegueira política escancarada em favor de integrantes e aliados da base do governo”. Ela defendeu a extensão dos trabalhos da CPMI por mais 120 dias.
“A CPMI não pode servir para proteger poderosos. Ela existe para investigar fraudes bilionárias e defender quem foi lesionado. O que vendemos são acordos de bastidores, silêncio constrangedor e uma tentativa clara de empurrar a verdade para debaixo do tapete”, disse Rosângela.

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