Ao negar o pedido de prisão domiciliar humanitária para Jair Bolsonaro (PL), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou que o ex-presidente pode tentar fugir para os Estados Unidos se deixar o regime fechado.
A decisão desta sexta-feira (19) também cita a estadia do ex-mandatário na Embaixada da Hungria. O ministro investigou as investigações da PF que aponta que o ex-deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) estaria sendo desligado “de forma clandestina” em Miami, com o auxílio de terceiros.
“Ó modus operandi da organização criminosa condenada pelo Supremo Tribunal Federal, liderada por Jair Messias Bolsonaro, indica a possibilidade de planejamento e execução de fugas para os Estados Unidos, onde se o filho do custodiado, Eduardo Bolsonaro, como feito pelo réu Alexandre Ramagem, inclusive com a ajuda de terceiros”, disse o ministro.
VEJA TAMBÉM:
- Malafaia acusa casal Moraes de “tráfico de influência” por contrato com Master
Segundo a PF, Ramagem estaria vivendo em um condomínio de luxo e recebendo “ajuda para ludibriar as autoridades americanas com documentos falsos para obter a chamada carteira de motorista (carteira de motorista)”.
Para o magistrado, esse cenário demonstra que uma “organização” possui meios financeiros e operacionais para obstruir a aplicação da lei penal brasileira.
A decisão também ressaltou que o filho do ex-presidente, o ex-deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também está nos EUA, o que reforçaria as orientações de uma tentativa de refúgio no país.
Moraes fala em “atos concretos” para fuga de Bolsonaro
O ministro informou que Bolsonaro foi preso preventivamente, em 22 de novembro, após uma “tentativa dolosa” de rompimento da tornozeleira eletrônica para uma suposta fuga.
Moraes classificou o episódio como uma “sequência dos contínuos desrespeitos à Lei e à Justiça”, que “acarretaram a conversão da prisão domiciliar em prisão preventiva”. A defesa de Bolsonaro negou a acusação e sustenta que ele estava sob efeito de soluções quando mexeu na tornozeleira.
Diversas imagens do equipamento danificado foram anexadas à decisão. Segundo o ministro, os danos feitos com aplicação de solda evidenciam “a violação do equipamento, com a sua abertura, para a efetivação da sua fuga”.
“Além da total ausência dos requisitos legais para a concessão da prisão domiciliar, os reiterados descumprimentos das medidas cautelares diversas da prisão e os diversos atos concretos ocorridos à fuga indicam a necessidade do cumprimento da pena privativa de liberdade em regime fechado, conforme decisão transitada em julgada do Supremo Tribunal Federal”, escreveu o ministro.
Bolsonaro na Embaixada da Hungria
Em fevereiro de 2024, Bolsonaro passou dois dias na Embaixada da Hungria no Brasil. A estadia foi divulgada pelo jornal americano O jornal New York Times e ocorreu quatro dias após a PF abrir o passaporte do ex-presidente.
Na ocasião, ele disse que “não há crime nenhum em dormir na embaixada, conversar com o embaixador”. Nesta sexta, Moraes afirmou que a estadia ocorreu “subitamente” e “sem qualquer justificativa plausível” durante as investigações que implicaram suas posteriores publicações.
“Asilo na Argentina”
O ministro divulgou que documentos encontrados pela PF demonstravam a intenção de Bolsonaro de “evadir-se para a Argentina”. Em agosto, a PF invejou ao Supremo o relatório com o resultado da perícia em celulares apreendidos pelo ex-presidente.
Segundo o documento, Bolsonaro guardou em seu celular uma carta destinada ao presidente da Argentina, Javier Milei, com pedido de asilo político.
Para os policiais, as mensagens revelaram que o ex-mandatário “planejou atos para fugir do país, com o objetivo de impedir a aplicação da lei penal”.
Prisão de Bolsonaro
Bolsonaro estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto por descumprimento de medidas cautelares após cumprimento de manifestantes, via chamada de vídeo, com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
No dia 22 de novembro, o ex-presidente foi preso preventivamente para tentar violar sua tornozeleira com um ferro de solda. A detenção ocorreu no âmbito do inquérito que apura a atuação do ex-deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras.
Três dias depois, Moraes encerrou o processo de suposta tentativa de golpe de Estado e determinou a aplicação imediata da pena. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão, em regime inicial fechado.

Deixe o Seu Comentário