12/09/2022 – 18h09 (Atualizado em 12/09/2022 – 18h09)
O aumento de ataques a tiros em escolas brasileiras tem preocupado nossa sociedade. São casos transportados em várias regiões do país.
Alunos, professores e funcionários que foram mortos por jovens armados. Casos parecidos com massacres em colégios nos Estados Unidos.
Nossa equipe percorreu várias cidades do nosso país e conversou com vítimas que escaparam da morte por muito pouco, professores que foram atingidos quando ensinavam e preparavam alunos para um futuro melhor.
O lugar para ensinar e aprender, virou alvo de ataques.
Especialistas apontam que o maior acesso a armas em casa, o compartilhamento de informações em redes sociais e problemas relacionados à saúde mental são os principais motivos para esse tipo de comportamento.
Desde 2019 foram registrados ao menos cinco ataques de ex-alunos que voltaram ao colégio. As ações são próximas. Eles se entrelaçam armados e partem para cima de pessoas que se encontram pela frente. Inocentes morreram, gente que saiu de casa para estudar ou trabalhar.
Uma Pesquisa Nacional indicou que crianças e adolescentes testemunharam a pandemia mais violenta para a sala de aula de escolas públicas e privadas. Isso foi observado por 80% dos professores aprovados. Cerca de cinco mil educadores foram ouvidos.
Para combater episódios futuros é necessário que pais e escolas sejam parceiros nas orientações e nas medidas educativas dentro e fora dos colégios. É preciso estar atento a qualquer sinal estranho em casa, no computador, no comportamento, na turma de amigos e na rotina.
Acompanhem a nossa viagem pelo país, pelos lugares que registraram cenas violentas nos últimos anos. Imagens que ainda estão na memória de muita gente.
As imagens mostram o momento em que o atirador chega já invadindo a segunda escola, um Centro Educacional de Ensino Privado.
Ele chega correndo com um uniforme camuflado e duas armas.
Assim que percebem a movimentação, alunos e funcionários correm.
Ele entra em algumas salas e atira.
No braço, o atirador usa uma faixa com uma suástica, símbolo do nazismo, instantes depois, ele deixa a escola e foge.
Antes, ele havia atacado uma escola pública na mesma região, a Primo Bitti.
Lá foram mortas as professoras, Cybelle Bezerra lara de 45 anos e Maria da Penha Pereira de 48.
Na escola particular foi morta também a tiros a aluna Selena Sagrilo, de 12 anos.
Pouco depois do atirador invadir as escolas, abrir fogo e fugir, as forças de segurança da cidade e do estado se mobilizaram. O adolescente de 16 anos foi localizado em casa. Ele confessou o crime e disse que uma das armas que usava era do pai, um policial militar.
Nossa equipe conversou com certamente com o pai do garoto.
A quarta vítima, a professora Flavia Amoss Merçon Leonardo, 38 anos chegou a ficar internada num hospital. Mas também não resistiu e morreu.
O ataque a duas escolas deixou também outros doze feridos em Aracruz. A investigação apontou que o ataque foi planejado por dois anos e que o criminoso usou duas armas do pai. O assassino tem 16 anos e estudou até junho no colégio estadual que foi atacado. O jovem foi compreendido. Ele foi encaminhado ao Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo em Cariacica, na Grande Vitória. E vai responder por ato infracional aos seguintes crimes de tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil.
O ataque foi logo depois da entrada dos alunos na escola. O adolescente entrou no local com um revólver e um facão e atacou colegas.
O adolescente de 14 anos atirou vários tiros, que geraram uma correria no colégio. Veja no vídeo abaixo:
Com o facão, ele atacou Jeane Brito de 19 anos.
A aluna era cadeirante e, mesmo não sendo o alvo dele, o aluno aproveitou a dificuldade dela de se movimentar e atacou.
A situação só se acalmou quando o pai de um dos alunos, que seria militar, atirou no jovem policial.
Segundo o diretor da escola, o menino foi atingido por quatro tiros. Ele foi levado para o hospital, até hoje se recupera das lesões. Alguns alunos e professores estão recebendo apoio psicológico.
A escola reforçou medidas de segurança, fornecendo rádios para os seguranças. E deve instalar câmeras em vários pontos.
A Polícia Civil continua a investigar o ataque. Mas o delegado do município não quis receber a nossa equipe.
Na pequena cidade do Oeste Baiano, a Polícia Federal também entrou no caso, porque mesmo em municípios que parecem pacíficos uma rede criminosa usa o alcance da internet para se conectar com os jovens.
Para evitar novos casos, o assunto ainda está sendo mais discutido com policiais, funcionários da escola, especialistas em psicologia e com os pais. A família tem um papel importante para monitorar qualquer sinal diferente na rotina desses jovens.
Dois ex-alunos invadiram a escola Professor Raul Brasil, tradicional colégio estadual de Suzano, na região metropolitana, e mataram cinco alunos e duas funcionárias, além do tio de um dos atiradores. Isso aconteceu em 13 de março de 2019.
Guilherme Taucci Monteiro de 17 anos e Luiz Henrique de Castro de 24 anos passaram antes do atentado no lava a jato e atiraram no proprietário, que era tio de Guilherme e teria descoberto o plano da dupla.
Depois seguiram para o colégio.
Guilherme sacou um revólver e começou a disparar em direção a um grupo de alunos e da coordenadora pedagógica, Marilena Ferreira Umezu, uma das vítimas. Ele estava vestido de preto, usando um lençol com estampa de caveira e com uma mochila.
Logo depois, ele se dirigiu ao pátio, aproveitou o intervalo onde havia mais adolescentes e atirou contra eles. Na sequência, Luiz Henrique entrou, colocou as armas no chão, pegou a machadinha e golpeou os alunos que foram atingidos pelo amigo.
José Vitor tinha 18 anos na época. Ele foi antigido com machadadas durante uma confusão. O jovem conversou com nossa equipe.
O delegado do caso tem mais de vinte anos em pensar e nunca vai esquecer do que viu.
A Polícia chegou à escola quando os dois atiradores ainda faziam os disparos na direção dos alunos.
Um atirador teria atirado na cabeça do outro. Depois, esse se matou.
O Inquérito, que conheceu três delegados, três procuradores e dois juízes, mostrou que os dois garotos queriam imitar os ataques às escolas feitas nos Estados Unidos.
Parentes dizem que Guilherme reclamava muito de uma outra situação quando estava no colégio.
Ele falou sobre bullying por causa das espinhas no rosto.
O bullying, palavra de tradução difícil em português, pode ser definido como um comportamento agressivo e agressivo entre crianças em idade escolar, que envolve um desequilíbrio de poder.
Um episódio que deixou muitos traumas e dores para as famílias das vítimas e dos atiradores.
No Estado de São Paulo, as escolas estaduais registraram, no primeiro trimestre deste ano, mais de 4 mil casos de violência física.
Em 2019, antes da pandemia, no mesmo período, os registros tinham sido de 2.708 casos.
Foi feita uma Pesquisa Nacional com cinco mil professores no primeiro semestre de 2022, o relatório apontou que os casos de violência aumentaram depois do período da pandemia.
Nossa equipe conversou com a pesquisadora Ana Ligia Scachetti.
Um estudante de 12 anos colocou fogo na sala de aula cheia de alunos em Mesquita, Baixada Fluminense do Rio de Janeiro.
O episódio aconteceu no dia 22 de novembro.
Miguel Ângelo levou um galão de gasolina dentro da mochila e pediu para ir ao banheiro. Quando voltou, jogou o produto na entrada da sala. E logo depois, riscou o fósforo.
Além de incendiar para não correr o risco de deixar alguém sair da sala, Miguel fechou a porta. Mas um aluno chutou, conseguiu abrir e libertou alguns dos colegas. O estudante que colocou fogo até tentou fugir, mas uma patrulha da guarda municipal conseguiu pegá-lo a poucos metros do colégio.
O Conselho Tutelar foi acionado, assim como a Guarda Civil Municipal.
O caso está sendo apurado pela Secretaria Municipal de Educação para avaliar quais as providências vão ser adotadas.
Foi instaurado um auto de infração para adolescente infrator por crime de tentativa de homicídio. A investigação está em andamento.
Acompanhe também as histórias, entrevistas emocionantes e imagens exclusivas nas reportagens da Série Especial do Jornal da Record. Separamos os episódios para vocês.
E aproveite para ouvir o Podcast JR 15 MINUTOStem um bate papo do apresentador Celso Freitas e do repórter Ari Peixoto, com a Conselheira da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Quezia Bombonatto.