O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resistiu, nesta quinta (9), às críticas aos deputados por terem rejeitado a “MP da Tributação”, que foi rejeitada pela Câmara na véspera por 251 votos a favor e 193 contrários. Os parlamentares aprovaram um requerimento de retirada de pauta e uma medida provisória alternativa ao aumento do IOF perderam validade.
O governo contava com a aprovação da medida para garantir uma arrecadação extra de R$ 17 bilhões para fechar as contas do próximo ano – a proposta foi desidratada em R$ 3 bilhões durante negociações nos últimos dias, principalmente na taxação das apostas e de determinados títulos de investimento.
“Eu fico muito triste porque ontem (quarta, 8) o Congresso Nacional poderia ter aprovado para que os ricos pagassem um pouco mais de imposto. Estávamos propondo 18%, foi negociado para as fintechs e as big techs pagarem apenas 12%, e ainda assim eles não quiseram e recusaram pagar”, disse Lula em uma entrevista à rádio Piatã FMda Bahia, reforçando que não desistirá da tributação e vai negociar diretamente com o mercado financeiro.
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Como cada deputado votou na derrubada da “MP da Tributação”
Lula ainda reforçou o discurso de “ricos contra pobres” que passou a ser alardeado pelo PT e pela militância de esquerda, afirmando que as pessoas de alta renda não pagam imposto no Brasil.
“É engraçado que o povo trabalhador para 27,5% de imposto de renda do seu salário, e os ricos não querem pagar 12%, não querem pagar 18%. Então eles acharam que ontem derrotaram o governo. Não derrotaram o governo. Derrotaram o povo brasileiro”, frisou.
Apesar da derrota, Lula afirmou que não desistirá da tributação e que reunirá o governo para discutir como negociar diretamente com o sistema financeiro para tributar as fintechs.
“Vou reunir o governo para discutir como é que a gente vai propor que o sistema financeiro, sobretudo as fintechs, que hoje tem fintech maior do que banco, que elas pagam o imposto devido a esse país”, disparou o presidente.
Lula ainda afirmou que conversou com o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, logo após a votação e pediu para “relaxar” e “não vamos perder o nosso final de semana”.
O presidente concedeu uma entrevista no Palácio da Alvorada, em Brasília, e seguirá para a Bahia nesta manhã para participar da cerimônia de apresentação oficial da fábrica da BYD em Camaçari (BA) e de anúncios do governo federal para o estado, à tarde. Já à noite ele viaja para São Paulo e irá para Roma, no domingo (12), para participar de um debate da Aliança Global contra a Fome e a Miséria.
Com isso, a expectativa é de que uma reunião com o governo para discutir como superar a derrota no Congresso ocorra na próxima quarta (15).
Durante as negociações para a aprovação da MP, o líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), ameaçou os parlamentares de cortar entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões de emendas. O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, também tentou superar a derrota anunciada cobrando o cumprimento de um acordo firmado com os partidos.
A ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, afirmou que “quem votou na Câmara para derrubar o MP que taxava os super ricos, votou contra o país e o povo”.
“Hoje ficou claro que uma pequena parcela muito rica do país não admite que seus privilégios sejam tocados. Não quer pagar impostos como a maioria dos cidadãos. E não quer que o governo tenha recursos para investir em políticas para a população”, disse o ministro em uma rede social.
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