O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reclamou nesta segunda (20) a grande quantidade de compromissos marcados em sua agenda às vésperas de enfrentar uma viagem de 20 horas para a Indonésia e à Malásia. A crítica foi feita durante uma cerimônia de entrega das Cartas Credenciais de 28 novos embaixadores no Palácio Itamaraty, em Brasília.
Prestes a completar 80 anos de idade daqui a uma semana, Lula frequentemente se vangloria de seu estado físico de saúde e que nem mesmo seus assessores conseguem acompanhar seu ritmo de compromissos.
“Lamentavelmente, ainda não houve uma lei que mudou a quantidade de horas de um dia e a minha agenda está insuportável hoje. Eu tenho que viajar 20 horas amanhã, por isso estamos fazendo essa coleta coletivamente. Desculpe-me, mas o carinho e o respeito é o mesmo”, disse aos novos embaixadores.
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Além da solenidade com os diplomatas, a agenda de Lula tem outras seis marcações ao longo do dia, incluindo uma com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo. A conversa, no final da tarde, ocorrerá em meio à possibilidade de Macêdo deixar a carga para abrir espaço ao deputado federal Guilherme Boulos, um dos principais aliados do presidente.
Segundo fontes próximas ao Planalto, a entrega seria parte de uma estratégia de reforço político do governo, já mirando a campanha de reeleição em 2026 que incluía a ida de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação com o Congresso.
Já Boulos, se confirmado, ficará responsável pela interlocução com movimentos sociais.
Críticas a Trump
Ainda no discurso aos novos embaixadores, Lula fez uma crítica velada à ação dos Estados Unidos na costa venezuelana, em que seu homólogo norte-americano, Donald Trump, intensificou as operações navais no mar do Caribe.
“Na América Latina e Caribe também vivemos um momento de crescente polarização e instabilidade. Manter uma região como zona de paz é nossa prioridade. Somos um continente livre de armas de destruição em massa, sem conflitos étnicos ou religiosos. Intervenções estrangeiras podem causar danos do que o que se pretende evitar maiores”, declarou.
Lula também defendeu o fortalecimento do multilateralismo e a diplomacia como caminhos para a cooperação internacional, outra crítica velada a Trump a quem, antes de abrir um novo canal de relações, tecia fortes críticas.
“O que queremos é mostrar ao mundo é que precisamos fortalecer o multilateralismo, e o multilateralismo é baseado em boa relação cordial, comercial, econômica e sobretudo relação de importação. Sem ódio, sem negacionismo, e sem ferir o princípio básico da democracia e dos direitos humanos”, completou.
Há a expectativa de que Lula e Trump se encontrem na Malásia para a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), onde deverão avançar nas negociações para suspender o tarifas e sanções dos Estados Unidos às autoridades brasileiras, conforme conversaram por telefone na semana retrasada.

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