Ícone do site BCN

Governadores defendem alterações na PEC de Segurança de Lula

Governadores defendem alterações na PEC de Segurança de Lula

Governadores Defendem Alteracoes Na PEC De Seguranca De Lula.jpg

Os governadores chegaram a um consenso, nesta terça-feira (10), em favor das sugestões dos secretários de segurança como alternativa para a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública do governo Lula.

O texto elaborado pelo Conselho Nacional dos Secretários de Segurança Pública (Consesp) conta com o apoio de 26 unidades da Federação. No entanto, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), apresentou um anteprojeto próprio para tentar derrubar a proposta do Planalto.

As sugestões do Consesp e a minuta de Caiado foram encaminhadas ao Ministério da Justiça. Os mandatários estaduais participaram do 16º Fórum Nacional de Governadores, em Brasília, prorrogado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).

O projeto do governo pretende estabelecer o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e o Fundo Nacional de Segurança Pública e Política Penitenciária. No entanto, a medida é considerada uma forma de ampliar a influência do governo federal na segurança nos estados.

Segundo Caiado, o governo Lula pretendeu invadir uma prerrogativa dos estados para decidir sobre o tema. “É um absurdo que nós, governadores, sejamos tutelados pelo ministro da Justiça e pelo governo federal, sendo que assumimos todos os gastos. Temos uma prerrogativa constitucional, é direito concorrente do meu governador tomar as decisões. Não posso admitir que venha uma autorização de Brasília para dizer que tenho que fazer na polícia. É inadmissível”, disse Caiado.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, garantiu aos governadores que serão inseridas na PEC “todas as salvaguardas permitidas para garantir a autonomia” de estados e municípios. “O crime não é mais local, mas é nacional, é até internacional. É preciso outra abordagem, é preciso união e uma cooperação de esforço”, disse o ministro.

Lewandowski afirmou que faltam ajustes em detalhes, mas “do ponto de vista macro” a PEC já é uma realidade. “Nós vamos levar essas propostas. Vamos estudá-las. Verificar a pertinência e reformular nossa PEC, se for o caso”, disse.

Após a reunião, Caiado mencionou que não tem o apoio dos demais governadores, mas destacou que deveria articular a proposta com o Congresso para barrar o texto do governo.

O anteprojeto do governador mantém a criação da Polícia Ostensiva Federal prevista no texto do governo. A medida consiste na expansão da atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) com a fiscalização de hidrovias e ferrovias.

Porém, Caiado propôs que a União atue por meio da polícia ostensiva apenas quando os estados o solicitarem. Além disso, defendeu o repasse de recursos para a construção e melhoria da infraestrutura de estabelecimentos prisionais e a prestação de serviços penais.

O anteprojeto determina ainda que os entes federados poderão “legislar sobre crimes contra a pessoa, contra o patrimônio, contra o meio ambiente e contra a dignidade sexual”. O chefe do Executivo goiano classificou a proposta da União como um “retrocesso ímpar” que tenta estabelecer uma “relação de subordinação dos estados e municípios” ao governo federal.

Proposta dos secretários de segurança

Os secretários defendem a constitucionalização do Fundo Nacional de Segurança Pública e Política Penitenciária e a unificação dos dados criminosos e prisionais dos estados e da União. O texto do Consesp também estabelece uma compensação às forças estaduais que atuam no combate ao tráfico de drogas.

Já a PEC do governo prevê a ampliação dos poderes da Polícia Federal, além da criação da polícia ostensiva. “Esse texto foi apresentado e revisado e conseguiu uma unanimidade entre todos os secretários do Brasil”, destacou o presidente do conselho e secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avelar, em nota.

O governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), elogiou a proposta dos secretários de segurança. “A PEC é importante, constitucionalizar o fundo também, pois foi com um fundo que aumenta os recursos para a educação e podemos fazer o mesmo com a segurança”, disse Fonteles.

Governadores aceitam ampliação da autorização do IR, mas pedem compensação

Durante o Fórum, os governadores defenderam a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, mas pediram uma compensação do governo para evitar a perda de recursos. A demanda foi apresentada ao ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Ibaneis afirmou que o IR é uma fatia importante dos recursos dos estados. “A preocupação muito grande dos estados é não que diz respeito à perda de arrecadação… E isso atinge diretamente os estados porque a arrecadação do Imposto de Renda é 100% do estado”, disse o governador do DF.

Sair da versão mobile