Os deputados federais Zé Trovão (PL-SC), Coronel Chrisóstomo (PL-RO), Coronel Fernanda (PL-MT), Fernando Rodolfo (PL-PE) e Bia Kicis (PL-DF) cumpriram um requerimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS (CPMI do INSS) pedindo prisão preventiva ou a aplicação de medidas cautelares contra Tonia Andrea Inocentini Galletti, diretora jurídica do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). O pedido – que ainda precisa ser votado pela comissão – foi motivado por supostas contradições no depoimento da advogada à CPMI, que, segundo os parlamentares, configurariam falso testemunho.
Durante o depoimento prestado à CPMI em 20 de outubro de 2025, Tonia afirmou que José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, havia se tornado diretor do sindicato apenas em 2021. Dias depois, em entrevista à Fórum de TVela declarou que Frei Chico “está aqui desde 2008 como diretor”, o que, segundo o grupo de deputados, demonstra falsidade em relação ao que foi dito sob juramento.
O documento protocolado por Zé Trovão sustenta que a manutenção da liberdade do depoimento representa risco à ordem pública e à coleta de provas, já que Tonia teve acesso a documentos e testemunhas e influência política no meio sindical. Os parlamentares pedem também o afastamento imediato da advogada da carga de diretora jurídica do Sindnapi.
O requisito cita ainda informações da Controladoria-Geral da União (CGU), segundo as quais o sindicato omitiu a relação de parentesco entre Frei Chico e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que violaria normas que impedem repasses de recursos públicos a entidades dirigidas por parentes de autoridades governamentais.
“Estamos desvendando um esquema que prejudica milhões de aposentados e pensionistas. Mentir diante de uma comissão parlamentar é crime e um desrespeito ao povo brasileiro. Vamos até o fim para garantir a verdade e punir os responsáveis”, afirmou Zé Trovão.
Na oitiva, Tonia Galletti negou veementemente qualquer envolvimento em fraudes contra aposentados e disse ter “provas robustas” de que o Sindnapi e sua família trabalharam, argumentando que o sindicato “não é de mentira, o sindicato não comete fraude.”
Questionada sobre os milhões recebidos por seu escritório e familiares, ela afirmou que foram pagamentos por serviços prestados em milhares de processos. Ela percebeu que a presença de vários familiares ligados ao sindicato pode ser vista como uma “certa imoralidade”, mas defendeu que não é crime.
Ela também declarou ter alertado o então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), sobre irregularidades em descontos associativos aplicados a aposentados. Segundo ela, as denúncias vêm sendo feitas desde 2019, mas não ocorreram exceções efetivas até o escândalo vir à tona. O ministro, por sua vez, negou ter tido conhecimento de irregularidades e afirma que agiu para encobrir fraudes.
Presidente da CPMI ameaçou pedir prisão de depoentes que não compareçam
O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), também anunciou que testemunhas convocadas pela comissão que não agendarem seus depoimentos até o próximo fim de semana poderão ter prisão pedida à Justiça Federal.
Segundo Viana, vários convocados estão atrasando o comparativo, mesmo após terem sido formalmente notificados. Entre os nomes citados estão:
“Quero solicitar aos advogados que entrem em contato com a secretaria e marquem os dados para oitivas. Se o contato não for feito até este final de semana, colocarei em votação um requerimento de prisão temporária, para que sejam transitados pela polícia e trazidos a esta CPMI. Essa medida é necessária para a sequência dos trabalhos”, disse Viana.
O senador informou ainda que outros convocados que não responderam às tentativas de contato também poderão ser alvo de pedidos de prisão, caso persistam as ausências.

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