A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou, nesta quarta-feira (8), a suspensão da ação penal contra o deputado Gustavo Gayer (PL-GO). O processo tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). A matéria vai, agora, ao plenário da Casa.
O deputado publicou um vídeo em 2023, em que critica o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o atual presidente da mesma Casa, o senador Davi Alcolumbre, por não pautarem o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. O Supremo também recebeu uma denúncia-crime do senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), que reclama do parlamentar tê-lo chamado de “vagabundo”.
Vanderlan atribuiu ao episódio os três crimes contra a honra previstos no Código Penal: calúnia, injúria e difamação. Gayer teria cometido tais crimes, segundo o senador, não apenas contra ele, mas contra todos os senadores e ministros do STF. O senador pediu também instruções pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e violência política. Pediu, ainda, que o STF censure anteriormente o deputado, proibindo-o de criticá-lo novamente nas redes sociais.
No Supremo, o sorteio deu a André Mendonça a relatoria do caso, mas a então presidente da Corte, ministra Rosa Weber, passou o caso para as mãos do ministro Alexandre de Moraes, que também seria a vítima dos supostos crimes.
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Para relator, falas estão abarcadas pela imunidade parlamentar
De acordo com o relator da matéria na CCJ, deputado federal Zé Haroldo Catedral (PSD-RR), a imunidade parlamentar abarca as críticas, mesmo que duras. A conclusão é diferente da que foi entendida pelo Supremo, que mesmo após conclusão em sentido oposto da Procuradoria-Geral da República, deu seguimento à ação.
O relator ainda lembrou que Gayer não cita nominalmente Vanderlan, mas fala de forma genérica sobre senadores que seriam comprados pelo STF para não pautar o impeachment de Moraes. Sobre a expressão “comprados”, Cathedral vê nela uma expressão que diz respeito ao abandono das convicções políticas por razões pessoais, e não o ato literal de compra.
Sobre ter dito que alguns senadores “viraram as costas para o povo”, o relator destacou o uso comum desse termo no dia a dia parlamentar. Por isso, não há, para ele, possibilidade de inclusão no crime em questão.
O que diz Gayer
Gustavo Gayer usou suas redes sociais para comemorar o que, para ele, é uma tentativa de cassá-lo e impedir sua reeleição. Ele pediu desculpas pelo uso da comissão por colocar em pauta a sustação do processo. Para Gayer, esse uso não deveria existir, já que a imunidade parlamentar protege as críticas.
O deputado destacou a importância da comissão e finalizou dizendo que nem mesmo os ditames constitucionais são garantia de segurança jurídica no que se classifica como “tempos sombrios”.
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