Aliados de Jair Bolsonaro (PL) têm questionado uma das investigações centrais feitas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na ordem de prisão preventiva do ex-presidente, decretada na madrugada deste sábado (22).
Na decisão, Moraes publicou uma suposta tentativa de fuga que seria facilitada por uma vigilância que ocorreria na noite deste sábado em frente ao condomínio onde Bolsonaro mora. A aglomeração de pessoas seria, segundo o ministro, uma ocasião propícia para uma eventual fuga.
No entanto, o ministro afirmou que o Centro de Integração de Monitorização Integrado do Distrito Federal comunicou ao Supremo uma suposta tentativa de violação da tornozeleira electrónica às 0h08 da madrugada deste sábado. Para Moraes, teria intenção de romper o equipamento para “garantir sucesso em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”.
A tese, entretanto, tem sido bastante questionada por apoiadores de Bolsonaro. O advogado Fábio Wajngarten, ex-assessor do ex-presidente, publicou a seguinte mensagem na manhã deste sábado:
“A tal tornozeleira, nesse momento, está funcionando. Como algo que foi rompido, violado, estaria funcionando normalmente nove horas depois? O presidente jantou, tomou uma sopa ontem com quatro irmãos e cunhados, tomou soluções para soluções, ficou sonolento e deitou-se por volta das 22h. Nenhum filho estava em casa”, afirma Wajngarten.
Já o advogado Enio Viterbo, apoiador de Bolsonaro, diz que a argumentação de Moraes carece de lógica, já que o suposto rompimento da tornozeleira teria acontecido cerca de 19 horas antes do início da vigília.
“Moraes diz que foi informado de que houve uma violação do equipamento de monitoramento eletrônico por Bolsonaro às 0h08 do dia 22/11. A vigília estava marcada para início às 19h. O plano de fuga do Bolsonaro era quebrar a tornozeleira à meia-noite do dia 22, dentro da própria casa cheia de policiais, no condomínio cheio de policiais também, e depois ficar esperando até de noite, numa vigília, sem plano nenhum – só para, do nada, se teletransportar de dentro de casa?”, questiona Viterbo.
“Aliás, na decisão de 17 páginas, essa denúncia é mencionada em um parágrafo. Se ela de fato ocorreu, qual é o sentido de falar em uma vigília que sequer aconteceu para fundamentar a prisão preventiva do réu?”, prossegue.
UM Gazeta do Povo, a defesa de Jair Bolsonaro inveja a seguinte nota:
“A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada na manhã de hoje, causa profunda perplexidade, principalmente porque, conforme demonstra a cronologia dos fatos (representação feita em 21/11), está calcada em uma vigília de orações.
A Constituição de 1988, com acerto, garante o direito de reunião a todos, em especial para garantir a liberdade religiosa. Apesar de afirmar a ‘existência de gravíssimos acusados de eventual fuga’, o fato é que o ex-Presidente foi preso em sua casa, com tornozeleira eletrônica e sendo vigiado pelas autoridades.
Além disso, o estado de saúde de Jair Bolsonaro é delicado e sua prisão pode colocar sua vida em risco. A defesa vai apresentar o recurso cabível.”

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