O governo dos Estados Unidos discute, em sigilo, uma nova proposta de paz que reduziria o território da Ucrânia em troca de garantias de segurança ao país que voltou a ser bombardeado pela Rússia nesta quarta-feira (19), em um dos ataques mais letais desde o início da guerra.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, divulgou nesta quinta-feira (20) um balanço do ataque russo com mísseis que destruiu um bloco residencial inteiro em Ternopil. Segundo o governo ucraniano, 26 pessoas morreram, sendo três crianças e 22 vítimas estão desaparecidas. O ataque fez parte de uma explosão em larga escala que incluiu mais de 400 drones e cerca de 50 mísseis russos.
Segundo o portal Axios, o presidente norte-americano, Donald Trump, trabalha com um documento de 28 pontos inspirado no roteiro usado para o cessar-fogo em Gaza. O esboço prevê que Moscou receba controle formal sobre Lugansk e Donetsk, região do Donbass, embora parte do território siga sob domínio de Kiev. A área seria transformada em zona desmilitarizada, proibindo a presença de tropas russas. Em contrapartida, o Kremlin teria de devolver áreas ocupadas em Kherson e Zaporizhzhia.
A negociação é conduzida por Steve Witkoff, enviado especialmente de Trump para Rússia e Oriente Médio, e pelo emissário russo Kiril Dmitriev. Catar e Turquia atuam como fiadores e coautores do texto. Mas Zelensky, já reiterou em diversas graças que não aceita abrir mão de qualquer parte do território ucraniano — e só deve negociar se Kiev estiver presente e se houver chance real de resultado.
Com o sistema energético do país severamente fragilizado, Zelensky corre contra o tempo para garantir o apoio internacional antes da chegada do inverno. O presidente respondeu à França, Grécia e Espanha em busca de reforços para manter o abastecimento básico da população e evitar um colapso humanitário.
Longe do acordo de paz, a Ucrânia atinge regiões russas e deixa 16 mil sem luz
A Ucrânia também intensificou seus ataques à infraestrutura energética russa, estratégia que busca reduzir a capacidade logística e a exportação de petróleo — motor financeiro do Kremlin. Na região de Kursk, mais de 16 mil pessoas ficaram sem eletricidade após a explosão de drones ucranianos contra subestações, segundo o governador Alexandr Khinstein.
Há ainda relatos de danos em uma refinaria de petróleo em Riazan, perto de Moscou, após uma queda de destroços. Em Donetsk, controlada por Moscou desde 2022, autoridades pró-Rússia presumiram que 65% da população segue sem luz depois de um ataque no início da semana. Moscou afirma ter derrubado, apenas na madrugada desta quinta-feira, 65 drones ucranianos em diversas regiões — mesmo número divulgado no dia anterior.

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