As eleições legislativas realizadas neste domingo (26) na Argentina deram uma vitória expressiva ao partido do presidente Javier Milei, A Liberdade Avança, reforçando o apoio popular ao governo e ampliando significativamente sua força no Congresso. O pleito funcionou, na prática, como um referendo do segundo ano de mandato e superou as expectativas, diminuindo que Milei terá maior capacidade para avançar em sua política de austeridade e reformas econômicas.
O presidente buscou pavimentar o caminho para uma eventual reeleição em 2027 e garantir continuidade ao seu programa econômico. Apesar dos escândalos recentes envolvendo membros do governo, os participantes entregaram uma vitória ampla ao projeto de Milei.
Quando 94,35% da apuração foi concluída, o partido de Milei contou com 40,82% dos votos na disputa na Câmara dos Deputados e conquistou 64 cadeiras, quase o dobro do que possuía antes do pleito. O peronismo, reunido na coligação Força Pátria, ficou com 24% dos votos e 31 cadeiras. A aliança de governadores Províncias Unidas ficou com 7,12%.
Na eleição parcial para o Senado, A Liberdade Avança venceu em seis dos oito distritos que renovaram os seus representantes.
Uma nova demonstração de forças permitirá ao governo impedir que vetos presidenciais sejam derrubados pela oposição, algo que se tornou recorrente nos últimos meses, em projetos envolvendo financiamento universitário, saúde pediátrica e políticas para pessoas com deficiência.
Pressão sobre a oposição
O resultado aprofunda a crise do peronismo, politicamente fragilizado desde o fim do governo Alberto Fernández (2019–2023). Embora ainda seja uma minoria maior no Senado e na Câmara, o grupo perdeu espaço e influência. O governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, principal nome da oposição, afirmou estar disposto ao diálogo, mas criticou a falta de interlocução com o governo federal.
Outra figura central do peronismo, a ex-presidente Cristina Kirchner, sequer poderia votar. Cristina foi retirada da lista de investigações após a Suprema Corte confirmar sua notificação por administração fraudulenta.
Participação baixa e mudança no sistema
A participação eleitoral foi de 66%, menor desde o retorno da democracia em 1983. Mais de 12 milhões de argentinos, 34% do eleitorado, não compareceram às urnas, apesar do voto ser obrigatório. Nas presidências de 2023, que elegeram Milei, a comparação havia sido de 74%.
Esta também foi a primeira eleição com cédula única de papel, sistema implantado para reduzir custos e agilizar a contagem. A mudança, no entanto, gerou filas mais longas em algumas regiões
Trump, um grande “cabo eleitoral” de Milei
O presidente americano, Donald Trump, é aliado de Milei e se tornou nas últimas semanas uma espécie de cabo eleitoral para as eleições de meio de mandato.
Os Estados Unidos estão comprando diretamente pesos argentinos e fechando um acordo de swap cambial de US$ 20 bilhões com o Banco Central da Argentina para frear a alta do dólar.
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, disse que a gestão Trump também busca uma linha de crédito de US$ 20 bilhões que complementaria a linha de swap, “com bancos privados e fundos soberanos que, acredito, ficariam mais focados no mercado de dívida”.
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