O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou neste sábado (15) a população de seis estados do leste do país para realizar “uma vigília e uma marcha permanente nas ruas” em resposta ao anúncio da retomada dos exercícios militares dos EUA em Trinidad e Tobago, em meio aos crescentes questionados entre Caracas e Washington.
Em um evento na capital venezuelana, o ditador convocou “todas as forças populares, sociais, políticas, militares e policiais” a “não cederem a provocações em nenhum momento, mas a se mobilizarem com fervor patriótico” em incluir a “navios imperialistas” e “ameaças militares”, bem como ao que descreve como “exercícios irresponsáveis” em águas trinitárias.
Especificamente, Maduro convocou os estados de Bolívar (na fronteira com o Brasil), Delta do Amacuro, Monagas, Anzoátegui, o estado insular de Nova Esparta e Sucre, próximo à ilha de Trinidad, a se mobilizarem “em perfeita unidade popular-militar-policial” e “com a bandeira venezuelana apressada”.
“O governo de Trinidad e Tobago anunciou mais uma vez iniciativas irresponsáveis, cedendo suas águas costeiras ao largo do estado de Sucre para manobras militares que visam ameaçar uma república como a Venezuela, que se recusa a ser ameaçada por qualquer um. (…) O povo de Trinidad e Tobago verá se continuar tolerando o uso de suas águas e terras para ameaçar seriamente a paz do Caribe”,
“O governo dos Estados Unidos pretende bombardear e invadir um povo cristão, o nosso povo, o que é isso? (…) Vocês querem matar um povo cristão aqui na América do Sul?” acrescentou o ditador, que presidiu a cerimônia de posse dos chamados Comitês Bolivarianos Integrais de Base (CBBI).
Na sexta-feira (14), o ministro das Relações Exteriores de Trinidad e Tobago, Sean Sobers, disse que militares da Marinha dos EUA retornarão ao país caribenho, situado a 11 quilômetros da costa venezuelana, para dar continuidade aos exercícios militares conjuntos com as Forças de Defesa de Trinidad e Tobago (TTDF, na sigla em inglês).
Os exercícios militares reunindo forças dos dois países já foram realizados em outubro, quando os EUA enviaram ao arquipélago o contratorpedeiro USS Gravely.
Na ocasião, Caracas acusou o governo de Trinidad e Tobago de ter iniciado uma “operação de falsa bandeira liderada pela CIA” que desencadearia uma invasão americana na Venezuela (o que não aconteceu).
O regime chavista suspendeu um acordo energético com Trinidad e Tobago e declarou a primeira-ministra Kamla Persad-Bissessar persona non grata.
Na sexta-feira, o Pentágono confirmou mais um ataque a uma suspeita de embarque de drogas no Mar do Caribe, perto da Venezuela, matando quatro pessoas.
Na operação de combate ao narcotráfico, iniciada em setembro e que também inclui ações no Oceano Pacífico, perto da Colômbia, já foram bombardeadas cerca de 20 embarcações e mortos ao menos 80 suspeitos de ligação com grupos criminosos classificados pela gestão de Donald Trump como terroristas.
A ditadura de Maduro considera essa operação uma desculpa para tirá-lo do poder. Trump disse na sexta-feira que “tomou uma decisão” sobre a Venezuela, mas não foi informado qual seria.

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