O governo da Alemanha disse nesta quarta-feira (19) que o chanceler federal, Friedrich Merz, não irá se desculpar pelas declarações feitas no final da COP 30 ao deixar a cidade de Belém, no Pará.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores alemão, Stefan Kornelius, minimizou os comentários de Merz durante uma coletiva registrada pela emissora Deutsche Welle no último dia 17, na qual o chanceler afirmou que os jornalistas alemães que o acompanhavam na cúpula da ONU estariam “aliviados” de retorno ao país.
O governo alemão ressaltou que não vê nenhum dano nas relações com o Brasil, apesar das declarações terem provocado reações negativas entre autoridades e cidadãos brasileiros nos últimos dias.
Kornelius disse que a impressão de Merz sobre sua viagem foi “muito positiva” e “não há dúvida de que o Brasil é nosso parceiro mais importante em termos geoestratégicos e econômicos na América do Sul”.
O porta-voz defendeu o líder alemão, acusando os críticos de terem usado as declarações de forma deturpada. “Permitam-me exigir algo a esta frase que agora é apresentado de forma incriminatória”, disse Kornelius, justificando que a declaração controversa de Merz “dizia essencialmente respeito ao desejo da delegação de voltar para casa após um voo noturno muito cansativo e um longo dia em Belém”.
Ainda nesta quarta-feira, o próprio chanceler alemão apresentou o episódio ao falar de suas expectativas para a reunião do G20, na África do Sul. Ele expressou o desejo de ter um encontro “sem orçamento” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Ficarei feliz em reencontrar o presidente Lula. Em Belém, tivemos um encontro pessoal muito bom”, disse Merz num comunicado à imprensa em Berlim, ao lado do primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, quando foi questionado e refletiu sobre as suas declarações.
“Presumo que na África do Sul teremos outra boa conversa, completamente livre de prejuízo”, acrescentou.
Na terça-feira (18), o petista comentou o episódio polêmico durante um quadrinhos no estado do Tocantins. De acordo com Lula, “Berlim não oferece nem 10% da qualidade que o estado do Pará oferece ou a cidade de Belém”.
Lula insistiu que Merz “deveria ter ido a um bar no Pará, deveria ter dançado no Pará, deveria ter experimentado a culinária do Pará”. Outras autoridades brasileiras acompanharam o presidente nas críticas ao alemão.

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