O ex-chefe da inteligência chavista, o ex-general Hugo “El Pollo” Carvajal, detalhou em uma carta direcionada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a ligação do ditador venezuelano Nicolás Maduro com o Cartel de los Soles, e ofereceu sua cooperação às autoridades, segundo confirmou seu advogado à Agência EFE nesta quinta-feira (4).
Carvajal, que aguarda sentença em uma prisão federal dos Estados Unidos após se declarar culpado de tráfico de drogas e porte ilegal de armas, afirmou que deseja “se redimir”.
“Escrevo para expiar meus pecados contando toda a verdade, para que os Estados Unidos possam se proteger dos perigos que testemunhei por tantos anos”, disse.
“Fui testemunha direta de como o governo de Hugo Chávez se tornou uma organização criminosa que agora é comandada por Nicolás Maduro, Diosdado Cabello e outros altos funcionários do regime. O objetivo dessa organização, agora conhecido como Cartel de los Soles, é usar as drogas como arma contra os Estados Unidos”, escreveu Carvajal.
O governo Trump considerou Maduro o líder dessa organização e chegou a classificá-la como um grupo terrorista no mês passado.
Na carta, inicialmente compartilhada com o jornal local O Expresso de Dallas por seu advogado Robert Feitel, “El Pollo” Carvajal afirma que as drogas que chegam às cidades americanas “por novas rotas” não são obra de “traficantes independentes”, mas sim de “políticas deliberadas” de Caracas.
“Este plano foi sugerido pelo regime cubano a (Hugo) Chávez em meados dos anos 2000 e foi executado com sucesso com a ajuda das FARC, do ELN, de agentes cubanos e do Hezbollah”, revelou Carvajal, explicando como o regime venezuelano apresentou “armas, passaportes e impunidade” a essas organizações.
Segundo Carvajal, Hugo Chávez decidiu recrutar líderes do narcotráfico e armar gangues como o notório Trem de Aragua, ordenando a expulsão de “milhares de membros” do país, em cooperativa com os Ministérios do Interior e Penitenciárias, a Guarda Nacional e a Polícia Nacional.
“Após a morte de Chávez, Maduro expandiu essa estratégia, exportando o crime e o caos para o exterior a fim de atingir exilados políticos venezuelanos e reduzir artificialmente as estatísticas de criminalidade dentro da Venezuela”, revelou Carvajal.
A carta do ex-geral confirma as acusações feitas por Trump e sua administração contra Maduro como “líder de uma rede de narcotráfico”, que eles usam para prever suas ameaças de expandir as ações militares da campanha antidrogas no Caribe e no Pacífico Oriental para o território venezuelano.
“As políticas do presidente Trump contra o regime criminoso de Maduro não são apenas justificadas, mas permitam e proporcionamis à ameaça”, insistiu Carvajal na sua carta, onde também afirma que uma “política de fronteiras abertas” do ex-presidente Joe Biden ofereceu a Caracas a “oportunidade de enviar esses agentes para os Estados Unidos”.
De acordo com o ex-general, as autoridades podem subestimar até onde Maduro iria para se manter no poder. “Eles têm planos de contingência para todos os cenários extremos a fim de manter o controle”, disse.
A carta de Carvajal coincide com o aumento da tensão entre Washington e Caracas devido ao destaque militar dos Estados Unidos no Caribe e à pressão direta ao ditador Maduro.

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