A emissora de TV Telesur, financiada pelos regimes da Venezuela, Cuba e Nicarágua, criticou nesta sexta-feira (10) o comitê do Nobel da Paz por dar o prêmio deste ano a María Corina Machado, líder da oposição à ditadura de Nicolás Maduro.
Em um texto no seu site oficial com o título “María Corina Machado: de golpista a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz”, a Telesur descreveu Corina como sendo de “extrema direita”.
“A entrega [do prêmio a Corina] coincidiu com processos judiciais em andamento, medidas de inabilitação política em vigor e recentes atos de violência sob sua responsabilidade, relacionados ao período pós-eleitoral na Venezuela nas eleições presidenciais de 2024”, afirmou a emissora estatal, que fez outras acusações.
“Ao longo de sua trajetória, María Corina Machado manteve uma linha política externa para a promoção de avaliações internacionais contra a Venezuela, que levou a retrocessos significativos no Estado de bem-estar social e violaram os direitos humanos de milhões de venezuelanos”, disse a Telesur.
A emissora estatal também desqualificou o Nobel da Paz, afirmando que em 2009 ele foi concedido ao então presidente americano Barack Obama, “cuja política externa durante seu mandato incluía operações militares em diversos países”, e que o atual mandatário dos EUA, Donald Trump, também foi indicado este ano, mesmo com “seu gabinete ameaçando geopoliticamente a Venezuela há meses”.
Em 2023, Machado venceu como primário da coalizão opositora Plataforma Unitária Democrática (PUD) para ser candidato do bloco na eleição presidencial do ano passado na Venezuela. Entretanto, em janeiro de 2024, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), encaminhado a Maduro, confirmou uma decisão de inabilitação política do ex-deputado e ela foi substituída por Edmundo González na campanha.
O TSJ também confirmou o resultado da farsa perpetrada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que proclamou Maduro vencedor da eleição, mesmo com a oposição disponibilizando num site cópia de mais de 80% das atas de votação que comprovam que González venceu uma disputa.
Corina denunciou internacionalmente a farsa eleitoral e continua sendo perseguida pelo chavismo, que abriu processos contra ela pela divulgação das atas e lhe atribuindo responsabilidade pela resposta violenta da ditadura da Venezuela a protestos que contestavam a eleição fraudulenta, e a prendo brevemente, em janeiro deste ano.
No texto anunciando o prêmio, o Comitê Norueguês do Nobel disse que Corina foi homenageada “por seu trabalho incansável promovendo os direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e consolidação da ditadura para a democracia”.
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