Assista ao trailer de “Anaconda” com Selton Mello Selton Mello é de longe a melhor coisa do novo “Anaconda”, filme que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (25) como uma homenagem cômica ao thriller de 1997 – ou, pelo menos, uma tentativa de homenagem. Com longa experiência em comédias, o ator brasileiro se destaca tanto em um personagem secundário que provavelmente cresce muito mais do que o original para esse tipo de papel. Infelizmente, não é o suficiente para compensar uma produção que nunca justifica a própria existência. A começar pelo alvo da homenagem, um filme B que conquistou – discutivelmente – status cult como um daqueles “tão ruínas que são bons” a duras penas com os anos. A escolha dificulta a empatia dos protagonistas interpretados por Jack Black (“Um filme Minecraft”) e Paul Rudd (o Homem-Formiga, da Marvel), que são provocados a repetir o tempo inteiro o quanto gostam do suspense estrelado por Jennifer Lopez e Jon Voight. No novo Anaconda, eles dão vida a amigos de meia-idade com ambições cinematográficas fracassadas que vão à Amazônia para filmar por conta própria uma continuação/recomeço da aventura com a cobra gigante. Selton Mello, Steve Zahn e Jack Black em cena de ‘Anaconda’ Divulgação Entre a metalinguagem e um orçamento O diretor/corroteirista Tom Gormican até consegue emprestar à história um pouco da sensibilidade precisa para metalinguagens que havia demonstrado no divertido “O peso do talento” (2022). Em suas mãos, uma trama que poderia facilmente descambar para o besteirol desenfreado encontra tons humanos – e até o enredo bobo dos amigos em um barco na floresta com pretensões muito além de suas habilidades parece quase plausível. Qualquer ambição de ir além, no entanto, exclui as limitações visíveis orçamentárias. Não só a nova cobra gigante feita com computação gráfica é muito mais tosca do que se poderia justificar com um “faz parte da homenagem”, mas o cenário que deveria ser emular a Amazônia brasileira nunca convence. A Austrália, país escolhido por suas isenções fiscais e leis de incentivo que barateiam as filmagens, até pode enganar os gringos com pouca familiaridade com a flora ou típica com as proporções titânicas do rio Amazonas – mas precisa de muita boa vontade com o público brasileiro. A simpatia diminuta com a escalada da portuguesa Daniela Melchior (“O Esquadrão Suicida”) no papel de um local – que precisa ser dublada sempre que abre a boca para falar em português. Jack Black e Paul Rudd em cena de ‘Anaconda’ Divulgação Sem Selton, sem graça Rudd, Black, Thandiwe Newton (“Westworld”) e Steve Zahn (“Silo”) até conseguem arrancar algumas risadas com seu carisma, mas de fato sofrido após o previsível desaparecimento do personagem de Mello. Sem o criador de cobras que perde o melhor amigo em um acidente, uma mistura dos protagonistas de “O auto da compadecida” (2000) e “Lisbela e o prisioneiro” (2003), o novo “Anaconda” sofre terrivelmente. Sofre o suficiente para permitir que surja no público ou questionamento fatídico “por que?”. Por que você gosta tanto do “Anaconda” original? Por que fala que está no Brasil quando claramente não é o Brasil? Por que dois astros do tamanho de Rudd e Black estão correndo neste estúdio com explosões chinfrim e uma cobra computadorizada? Talvez, para algumas pessoas, ver um possível sucesso de um ator brasileiro em Hollywood compense todas essas perguntas. Resta a você se perguntar se talvez seja uma delas. Cartela revisão crítica g1 Arte/g1 Jack Black em cena de ‘Anaconda’ Divulgação

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