Uma unidade secreta do Serviço Federal de Segurança Russo (FSB), conhecida como Departamento de Contrainteligência da Rússia ou DKRO, é responsável pela maior campanha de repressão aos críticos do regime desde a Era Stálin.
As operações de maior destaque lideradas pela agência federal nos últimos tempos envolveram o rastreamento e a prisão de americanos em solo russo, como aconteceu com o correspondente do jornal Wall Street Journal (WSJ) Evan Gershkovich, que foi libertado em agosto do ano passado em uma troca de prisioneiros entre Washington e Moscou, após passar mais de um ano preso sob acusações de espionagem.
Segundo o WSJ, ele foi o primeiro correspondente estrangeiro acusado de espionagem desde a Guerra Fria.
Uma reportagem especial do jornal nomeado que o DKRO é conhecido apenas por um pequeno círculo de especialistas russos e oficiais de inteligência, a antiga KGB – onde Putin serviu antes de ascender à presidência do país e firmar sua ditadura.
Essa unidade secreta teria contribuído com a prisão de outros dois americanos na Rússia, recentemente: os ex-fuzileiros navais Paul Whelan e Trevor Reed, informaram fontes ao jornal. E tudo isso para cumprir um plano maior exigido pelo ditador: a libertação de um mercenário aliado de Putin na Alemanha, o assassino Vadim Krasikov.
Os jornalistas procuram identificar a figura por trás dessa campanha de repressão que só foi registrada no território russo durante a ditadura de Joseph Stálin. O homem foi identificado como tenente-general Dmitry Minaev, que comandava o DKRO.
Segundo o WSJ, a unidade secreta foi responsável por liderar uma forte campanha de repressão a opositores e estrangeiros na Rússia, incluindo um expurgo no Ministério da Defesa em meio às derrotas na invasão da Ucrânia.
Além disso, a DKRO foi incumbida por Putin de conseguir a libertação de um agente do FSB, condenado por assassinar um inimigo do ex-espião da KGB em 2019, num parque de Berlim. A vítima do agente do FSB foi Zelimkhan Khangoshvili, ex-comandante de uma milícia georgiana durante a 2ª Guerra da Chechênia, que ocorreu entre 1999 e 2009.
Para cumprir sua missão, a unidade secreta começou com os cidadãos americanos em solo russo, incluindo a estrela do basquete Brittney Griner. O DKRO, então, usou o ex-fuzileiro naval dos EUA Paul Whelan e o correspondente Evan Gershkovicheu como “isca comercial” para garantir a libertação de Krasikov, em agosto.
Fontes dos EUA e Europa explicaram ao WSJ que, embora tenha apenas cerca de 2.000 oficiais, o DKRO é uma força de segurança de elite do Kremlin.
Esses funcionários “especiais” que servem a Putin são pagos “generosamente”, segundo o jornal, mesmo para os padrões do poderoso FSB, do qual faz parte. De acordo com autoridades ocidentais, esses oficiais ainda desfrutam de bônus por operações bem executadas e acesso a hipotecas de baixo custo na Rússia.
Devido ao seu importante serviço prestado ao chefe do Kremlin, quase não há informações sobre o DKRO na internet. Não há sequer uma página na Wikipedia explicando como funciona essa unidade da inteligência de Moscou.
Uma fonte familiarizada com o assunto chegou a comparar o serviço da unidade secreta ao “eixo de um carro”. Sem a DKRO, a máquina de repressão liderada por Vladimir Putin deixaria de funcionar.
A DKRO se assemelha a outro projeto apresentado durante a Era Stalin na União Soviética.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Stalin desenvolveu uma agência de contrainteligência chamada SMERSH com o objetivo de capturar supostos espiões nazistas que estavam se infiltrando no território.
A agência, que fez “Morte aos Espiões”, criou armadilhas para conseguir prender as figuras consideradas inimigas ou matá-las. Posteriormente, com o fim da guerra, a SMERSH passou a integrar a agência de serviços secretos, que depois se tornou a KGB.
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