Rodrigo Marinho Crespo foi executado em 26 fevereiro ao sair da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Segundo denúncia a que o blog teve acesso, profissional tentava criar um negócio legítimo de apostas online quando foi executado Rodrigo Marinho Crespo foi executado no Centro do Rio
Reprodução
O Ministério Público do Rio de Janeiro suspeita que a execução do advogado Rodrigo Marinho Crespo possa ser um recado da máfia que explora a contravenção no Rio de Janeiro contra a exploração legal das apostas esportivas online – as populares bets.
Segundo a denúncia contra os envolvidos no caso, revelada pela CBN e obtida pelo blog, Rodrigo se preparava para explorar legalmente jogos online quando foi morto. Teria, inclusive, um artigo jurídico publicado sobre a lei do novo mercado. A execução, à luz do dia, na saída da OAB, é vista pelo Ministério Público como uma possível eliminação de potenciais concorrentes.
“O crime, não por acaso, foi cometido em plena luz do dia, próximo à OAB, em que pese a vítima ter sido monitorada dias seguidos, e podia ter sido executada na calada da noite, em local mais ermo. Há fortes indícios de que a malta, com a execução, tenha pretendido dar ‘um recado'”, diz o MP no documento, ao qual o blog teve acesso.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou pelo crime Leandro Machado, conhecido como “Cara de Pedra”; Eduardo Sobreira Moraes; e Cezar Daniel Mondêgo de Souza, o “Russo”, que estão presos.
A Justiça aceitou a denúncia do MP e tornou o trio réu pelo crime. Na decisão, também ficou determinada o afastamento de Leandro da PM e a perda de seu porte de arma.
Entenda a participação de cada um:
Leandro Machado da Silva: policial militar que, segundo as investigações, providenciou os carros usados no dia do ataque;
Cezar Daniel Mondego de Souza: apontado como responsável por monitorar a vítima. Tinha cargo comissionado com salário de até R$ 6 mil na Assembleia Legislativa do RJ (Alerj);
Eduardo Sobreira Moraes: É apontado pela polícia como o responsável por seguir os passos de Rodrigo, dirigindo o carro para Cezar enquanto acompanhavam a movimentação da vítima antes do assassinato.
Segundo o MP, câmeras de segurança registraram Eduardo Sobreira em locais próximos à casa do advogado e o GPS do veículo alugado bate com a região em que o ataque aconteceu.
Já Cezar Mondego, conforme alega o órgão, comprou um novo celular dois dias após o assassinato — este aparelho novo foi apreendido na investigação, não o usado anteriormente. “Há troca de mensagens em que o réu Cezar Mondego ‘implora’ a uma terceira pessoa para deletar todo o conteúdo do celular desfeito”, diz a denúncia.
A motivação do homicídio ainda é considerada incerta, mas a Delegacia de Homicídios investiga se ligações da vítima com o setor de apostas online podem ter relação com o crime.
MP: Advogado ‘buscava por financiadores’ para atuar com bets
O MP considera que o assassinato do advogado foi um “aviso bastante violento e ousado” contra pessoas que tentassem viabilizar a exploração de jogos de azar dentro da lei.
De acordo com a denúncia, feita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), a máfia da contravenção “tangencia a exploração criminosa e a exploração aparentemente lícita de jogo de azar” e, para manter esse controle, elimina potenciais concorrentes “de um modo ou de outro”.
“Rodrigo Crespo (vítima) não negava que pretendia ganhar dinheiro, e muito, com a legalização/regulamentação da exploração de jogos de aposta online, e buscava por financiadores para a sua ambiciosa empreitada”, detalha o MP no documento.
Ainda na denúncia, os promotores afirmam que Crespo cancelou uma viagem ao exterior na véspera do seu assassinato. A viagem, diz o MP, teria como objetivo “negociar a sua entrada na exploração lícita, regular, de jogos de azar online.”
No dia 9 de abril, policiais cumpriram mandados de busca e apreensão contra Adilson Oliveira Coutinho Filho, conhecido como Adilsinho, atual patrono do Salgueiro; e outras oito pessoas investigadas no inquérito da morte de Rodrigo Marinho Crespo.
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