A anulação de todas as condenações do ex-ministro José Dirceu, no âmbito da operação Lava Jato, desagradou parlamentares da oposição, mas agradou boa parte da ala petista. A decisão foi proferida pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
Com a anulação, foram restaurados os direitos políticos de Dirceu, permitindo que ele se candidatasse a deputado federal pelo PT nas eleições de 2026. Dirceu tinha condenações relacionadas a um esquema de corrupção na Petrobras, incluindo acusações de captura de propina da empreiteira Engevix, em uma sentença de 27 anos de prisão, que agora foi anulada. Segundo a análise do ministro, houve excessos e erros processuais que comprometem a validade das condenações.
Para o presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (RS), o “STF faz justiça, anulando as condenações ilegais de Sergio Moro a José Dirceu na farsa da Lava Jato”.
“É o mesmo entendimento já aplicado no pleno do STF ao presidente Lula, que declarou em sua defesa a parcialidade de Moro e seu conluio com os procuradores para perseguir Lula. Parabéns pela vitória Zé Dirceu!”, escreveu a petista na rede X.
Ó deputado Zeca Dirceu (PT-PR), filho do petista absolvido, também destacou que “finalmente, a justiça foi feita!”. “Já são 20 anos de sofrimento e punições injustas. Amo muito meu pai, um ser humano diferenciado. Me orgulho muito das suas lutas: contra a ditadura, pela democracia e construção do PT. Assim como na evolução da campanha vitoriosa de LULA em 2002”, escreveu na rede X.
Por outro lado, um líder da minoria da Câmara, deputado Bia Kicis (PL-DF), fez uma comparação do crime de violação por José Dirceu e a reportagem para quem questiona urnas. “Você conhece o crime de questionamento das urnas? Enquanto isso, José Dirceu está absolvido de todos os seus crimes”, escreveu
Já o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) destacou que a anulação das condenações é “vergonhosa e indecente”. “Eu faço questão de lembrar que Dirceu foi condenado por 3 instâncias, inclusive pelo STJ, com provas documentais de pagamento de suborno oriundo de contratos da Petrobras. O governo do PT tenta entrar na Lava Jato porque só de falar em combate à corrupção ficaram descompensados”, escreveu o ex-vice-presidente na rede X.
Na avaliação do deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), “a Suprema Corte quer apagar a história e fingir que a corrupção do PT não passou de um delírio coletivo”. “Querem que os brasileiros esqueçam dos bilhões investidos para beneficiários companheiros e ditaduras. Eles limparam a ficha do chefe, agora estão fazendo o mesmo com os capangas”, acrescentou o parlamentar.
“Vou me limitar a repetir a opinião do ministro Barroso sobre Gilmar: Vossa excelência vai mudar a substituição de acordo com o réu. Isso não é estado de direito, é estado de compadrio. Juiz não pode ter correligionário”, escreveu o senador Alessandro Vieira (MDB-SE).
Nesta terça-feira (29), o ex-presidente Jair Bolsonaro também comentou sobre a anulação das condenações de José Dirceu e questionou se ele também deixará de ser “inelegível” por algo que nem é considerado um “crime”.
“Não quero me comparar com outros aí. Agora, fiquei sabendo pela imprensa que o José Dirceu está livre de tudo. O mentor de tudo o que há de errado no Brasil e ele é elegível e pode ser candidato, pode ser deputado federal em 27”, disse o ex-presidente, em coletiva no Senado. Ele também voltou a classificar sua inelegibilidade como uma “perseguição política”.
Deixe o Seu Comentário