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Scotland Yard descarta investigar príncipe Andrew por caso Epstein

A Polícia Metropolitana de Londres (Scotland Yard) descartou nesta sexta-feira (5) investigar as acusações contra o príncipe Andrew contidas em documentos judiciais divulgados nos Estados Unidos, apesar de ter recebido na véspera uma denúncia da organização britânica antimonarquia Republic.

“Estamos cientes da divulgação de documentos judiciais
relacionados a Jeffrey Epstein”, disse um porta-voz da polícia, referindo-se ao
financista americano conhecido de Andrew e acusado de tráfico e abuso sexual de
menores de idade, que cometeu suicídio na prisão em 2019, antes de seu
julgamento.

“Como em qualquer assunto, se nos forem apresentadas
informações novas e relevantes, nós as avaliaremos”, disse a fonte, confirmando
que, até o momento, “nenhuma investigação foi iniciada”.

Os documentos revelados na quarta e quinta-feira por um
tribunal de Nova York fazem parte de um processo de difamação movido em 2015
por Virginia Giuffre, uma das principais denunciantes de Epstein, contra a
amante e parceira de negócios de Epstein, a herdeira britânica Ghislaine
Maxwell, atualmente cumprindo 20 anos de prisão por ajudá-lo a abusar
sexualmente de crianças.

Os arquivos detalham os vínculos de Epstein, alguns já
conhecidos, com figuras proeminentes, incluindo o ex-presidente dos EUA Bill
Clinton e Andrew, o segundo filho da rainha Elizabeth II, com quem Giuffre fez
um acordo de US$ 1 milhão em 2022 para evitar a acusação por alegações de
crimes sexuais quando ela era menor de idade.

A Republic, liderada por Graham Smith, lamentou nesta
sexta-feira a decisão da Scotland Yard, que, segundo a organização, já
investigou alegações semelhantes contra outras celebridades no passado.

“A Polícia Metropolitana deveria abrir uma investigação.
Caso contrário, como as vítimas podem ter confiança no sistema judiciário como
um todo e como os cidadãos podem ter confiança no estado de direito?”, disse
Smith em comunicado.

“A inação exacerbaria um problema já sério, em que as
vítimas de violência de gênero não estão dispostas a denunciar crimes, e
encorajaria os infratores, sabendo que a polícia não tomará medidas contra os
poderosos”, acrescentou.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, se recusou a comentar
“sobre assuntos policiais”. O líder trabalhista e ex-promotor público Keir
Starmer disse que, quando há uma queixa, “é inevitável que ela seja analisada”.

“Temos que começar com as vítimas e analisar as alegações
que foram feitas”, disse, acrescentando que “seja quem for, quando há alegações
confiáveis, é claro que elas têm que ser analisadas”.

O príncipe Andrew, que nega as alegações de Giuffre de que abusou dela em três ocasiões quando ela tinha 17 anos, se aposentou da vida pública em 2020 depois que sua conexão com Epstein se tornou conhecida. Sua mãe, Elizabeth II, o destituiu de suas honras militares em janeiro de 2022.

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