Os benefícios da cirurgia de catarata contra a demência e o alzheimer podem ser interessantes também para a manutenção da saúde mental. A verdade é que essa maior causa mundial de cegueira reversível não é exclusiva somente na faixa etária superior aos 60 anos. Diversos estudos mundiais estão em andamento e, um deles, envolvendo 300.823 voluntários, cuja idade média é 64,59 anos, cadastrados no UK Biobank, analisou os efeitos da cirurgia e a relação da catarata com as medidas morfométricas cerebrais ao longo de quase oito anos e meio.
Os resultados são promissores e apontam que, nesse período, 3.226 participantes foram diagnosticados com demência, a maioria deles já estava na terceira idade, consumia álcool, fumava, era portador do gene APOE4 (ligado ao surgimento do alzheimer), desenvolveu problemas cardiovasculares e não chegou a completar os estudos.
A pesquisa indicou que quem passou pelo procedimento para reverter a catarata, obteve uma diminuição no risco para desenvolver as patologias, quando comparado àqueles que precisavam, mas não recorreram ao método, de até 50%.
A cirurgia para catarata é indicada, quando se observa uma perda visual gradual. Alguns casos apresentam um esbranquiçamento do olho, uma vez que o cristalino, a lente natural, se torna opaco. A técnica é bem simples com uma incisão mínima no globo ocular para sugar a lente antiga e substituí-la por uma nova, artificial. O procedimento propicia diversos benefícios, como a possibilidade de não necessitar mais de óculos para enxergar bem. Afinal, a tecnologia também permite a ação corretiva dos erros de refração, como a miopia, astigmatismo, vista cansada e, até mesmo, o controle do glaucoma, que não apresenta cura e pode levar à cegueira.
Já a demência, provoca o declínio das habilidades mentais, influenciando o cotidiano pela vida, comprometendo as memórias, linguagem e raciocínio. A condição provoca confusão mental, desorientação, incapacidade de falar e se expressar, agressões, irritação e inquietação. O alzheimer, por sua vez, representa um transtorno neurodegenerativo com a deterioração progressiva da memória, principalmente a recente, comprometimento das atividades diárias e outros sintomas neuropsiquiátricos influenciadores do comportamento.
A suspeita é que a perda da visão comprometa o cérebro negativamente e que as informações visuais recebidas influenciam e estimulam o nível de atividade cerebral, prevenindo as causas. Outra questão seria que isso causa maior isolamento e redução de atividades, influenciando o risco de desenvolver demência em até 50%, segundo o Centers for Disease Control.
Vale lembrar que esses estudos não indicam que a cirurgia de catarata é o segredo para evitar o surgimento desses problemas. A verdade é que as pesquisas apenas apontaram que as pessoas que devem passar pela intervenção, acabam, de certa forma, sendo ainda mais beneficiadas com resultados, além da saúde ocular. E, claro, as descobertas poderão beneficiar, ainda mais, o controle e manutenção da saúde, proporcionando uma melhor qualidade de vida.