Roubos, tráfego e sensação de abandono nas estações são desafios para a nova operadora dos trens do RJ
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Nova empresa que vai substituir a Supervia recebe por eletricidade rodada Passageiros dos trens do Rio de Janeiro reclamam da insegurança e da presença constante do crime na malha ferroviária. A Supervia, entrega atual, deixa o serviço em 16 de março do próximo ano e uma empresa que ainda será definida deverá ser a próxima operadora. Embora a definição não venha, a única certeza é que uma nova empresa terá um desafio enorme pela frente: insegurança, lotação e sucateamento são uma rotina nas linhas. A equipe do RJ2 percorreu toda a malha ferroviária nas últimas semanas e acompanhou de perto a rotina dos passageiros nos ramais de Deodoro, Santa Cruz e Paracambi, e flagrou até tráfico e consumo de drogas em estações. Entre os problemas de insegurança estão: roubos, arrastões, bocas de fumo e até brigas dentro dos vagões. “Uma vez mesmo eu quase morri. Gritaram ‘arrastão, arrastão’, eu saí correndo, todo o mundo para o mesmo vagão, um desespero”, relata uma passageira. “Eu particularmente prefiro não andar sozinha”, relata outra. No ramal Belford Roxo, de noite e de dia funciona uma espécie de feira com várias barracas na estação Jacaré, local que é tomado pelo tráfico de drogas. Já na estação Triagem, há pedestres ocupando uma área restrita. Na Pavuna, crianças e adultos seguem como se hospedaram em um calçadão e ainda dividem espaço com o lixo, problema que também é enfrentado no ramal Saracuruna. Na estação que leva o nome, um vagão de decoração virou lixeira, cercado de esgoto. Em Gramacho, a estação tem rachaduras, sem reboco, pintura e extintor de incêndios. Uma das extensões do ramal Saracuruna é Vila Inhomirim, no pé da serra no distrito de Magé. Lá, a locomotiva é de motor a diesel e tem dois vagões. Ponto de venda de drogas na área da estação da Supervia no Rio Reprodução/TV Globo Os repórteres tiveram que aguardar mais de duas horas, que é o intervalo do trem, para embarcar. A estrutura do trem estava bem comprometida. Depois de quase 30 anos, os trens que cortam boa parte do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense vão mudando de mãos. Após sucessivos adiamentos, a Supervia anunciou que deixa a operação no dia 16 de março de 2026. A nova empresa terá uma forma diferente de ser remunerada: receberá por milhas rodadas. Hoje, a Supervia recebe pela tarifa. A duração do novo contrato deve ser de 5 anos. “Nossa expectativa é que a gente volte a ter a melhor ferrovia do Brasil com essa modernização e com esse novo operador que estamos esperando chegar”, afirma a secretária estadual de Transportes, Priscila Sakalem. Mais de 100 estações em 270 km de malha Os cinco ramais e três extensões dos trens do RJ têm 270 km de trilhos e 104 estações Reprodução/TV Globo O sistema ferroviário do Rio tem 270 quilômetros de trilhos, 5 ramais, 3 extensões e 104 estações. Os trens transportaram cerca de 300 mil passageiros por dia, conectando a capital às cidades do entorno. Em Senador Camará e Padre Miguel, usuários de drogas circulam livremente e há pontos de venda de entorpecentes dentro das áreas da estação. Consumo de drogas em estação de trem no Rio Reprodução/TV Globo No Ramal Japeri, a situação se repete: usuários de drogas nas estações, vandalismo nos vagões, bancos destruídos e intervalos longos entre os trens. Em Paracambi, a última estação do ramal, falta até banheiro para os passageiros. “Você paga a passagem, paga tudo, tem que ter um banheiro”, reclama Idalino Neto Bezerra de Souza, carpinteiro. Em Deodoro, passageiros são arriscados pelos trilhos e vagões abandonados formam um “cemitério de trens”. Cemitério de trens da Supervia Reprodução/TV Globo Superlotação A superlotação é um dos principais problemas enfrentados diariamente: “Quando tem jogo funciona que é uma beleza. Agora, quando não tem… a gente passa muito sufoco aqui. É muito ruim, moço…”, relata uma passageira. Outro usuário completo: “Sempre foi esse sofrimento. Até que hoje tá tranquilo, tá vazio. Tem dia que o negócio é feio”. Sucateamento A falta de manutenção é visível em várias estações. Banheiros em condições precárias, escadas rolantes quebradas e acessibilidade comprometida dificultam a vida de quem depende do serviço. “Muita falta… ainda mais eu que sou fibromiálgica, então subir escada fica muito difícil. A gente quer reclamação, mas parece que a nossa voz não sai”, desabafa Ana, cuidadora de idosos. O preço da passagem é de R$ 7,60, com tarifa social a R$ 5. Considere muito o valor alto diante da qualidade do serviço. “Pelo serviço que eles oferecem tá caro – 7,60 tá muito caro… caro demais”, afirma Jeferson Cabral de Santana, militar. Concessão desde 1988 A concessão da Supervia começou em 1998 e, desde então, enfrenta desafios. Em 2023, a empresa comunicou ao governo que não tinha condições de continuar operando, citando prejuízos com a pandemia, furto de cabos e congelamento de tarifas. Um acordo judicial prorroga a operação até março de 2026, quando uma nova operadora deve assumir o sistema. Três meses de transição A secretária estadual de Transportes, Priscila Haidar Sakalem, afirma que o governo trabalhou para garantir uma transição sem prejuízo ao passageiro. “A nossa expectativa é janeiro e março a gente tem Supervia e o novo administrador coexistindo. E a partir de abril o novo operador já toca a operação pelo período de cinco anos”, explica. Apesar das promessas de melhorias, os problemas de vandalismo e insegurança persistem. “Temos o GPfer, que é um grupo ferroviário composto por policiais militares, e a gente age em conjunto com toda a força policial do estado”, diz a segurança, que destaca ações para reduzir furos de cabos e melhorar a segurança, mas registrar que ainda há muito a ser feito. O que disseram os citados A Supervia informou, em nota, que investiu junto com o governo do estado cerca de R$ 160 milhões no sistema no último ano. Segundo a administração, os recursos foram aplicados em reformas estruturais, como troca de dormentes e recuperação da sinalização, o que foi feito na redução do tempo de viagem, principalmente nos ramais Santa Cruz e Japeri. A empresa declarou ainda que a média de passageiros aumentou 10% desde então. A Polícia Militar afirmou que as equipes atuam com patrulhamento preventivo nas plataformas, acessos e áreas internas das estações, além de realizar rondas embarcadas e reforço nos horários de maior fluxo.
Nova empresa que vai substituir a Supervia recebe por eletricidade rodada Passageiros dos trens do Rio de Janeiro reclamam da insegurança e da presença constante do crime na malha ferroviária. A Supervia, entrega atual, deixa o serviço em 16 de março do próximo ano e uma empresa que ainda será definida deverá ser a próxima operadora. Embora a definição não venha, a única certeza é que uma nova empresa terá um desafio enorme pela frente: insegurança, lotação e sucateamento são uma rotina nas linhas. A equipe do RJ2 percorreu toda a malha ferroviária nas últimas semanas e acompanhou de perto a rotina dos passageiros nos ramais de Deodoro, Santa Cruz e Paracambi, e flagrou até tráfico e consumo de drogas em estações. Entre os problemas de insegurança estão: roubos, arrastões, bocas de fumo e até brigas dentro dos vagões. “Uma vez mesmo eu quase morri. Gritaram ‘arrastão, arrastão’, eu saí correndo, todo o mundo para o mesmo vagão, um desespero”, relata uma passageira. “Eu particularmente prefiro não andar sozinha”, relata outra. No ramal Belford Roxo, de noite e de dia funciona uma espécie de feira com várias barracas na estação Jacaré, local que é tomado pelo tráfico de drogas. Já na estação Triagem, há pedestres ocupando uma área restrita. Na Pavuna, crianças e adultos seguem como se hospedaram em um calçadão e ainda dividem espaço com o lixo, problema que também é enfrentado no ramal Saracuruna. Na estação que leva o nome, um vagão de decoração virou lixeira, cercado de esgoto. Em Gramacho, a estação tem rachaduras, sem reboco, pintura e extintor de incêndios. Uma das extensões do ramal Saracuruna é Vila Inhomirim, no pé da serra no distrito de Magé. Lá, a locomotiva é de motor a diesel e tem dois vagões. Ponto de venda de drogas na área da estação da Supervia no Rio Reprodução/TV Globo Os repórteres tiveram que aguardar mais de duas horas, que é o intervalo do trem, para embarcar. A estrutura do trem estava bem comprometida. Depois de quase 30 anos, os trens que cortam boa parte do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense vão mudando de mãos. Após sucessivos adiamentos, a Supervia anunciou que deixa a operação no dia 16 de março de 2026. A nova empresa terá uma forma diferente de ser remunerada: receberá por milhas rodadas. Hoje, a Supervia recebe pela tarifa. A duração do novo contrato deve ser de 5 anos. “Nossa expectativa é que a gente volte a ter a melhor ferrovia do Brasil com essa modernização e com esse novo operador que estamos esperando chegar”, afirma a secretária estadual de Transportes, Priscila Sakalem. Mais de 100 estações em 270 km de malha Os cinco ramais e três extensões dos trens do RJ têm 270 km de trilhos e 104 estações Reprodução/TV Globo O sistema ferroviário do Rio tem 270 quilômetros de trilhos, 5 ramais, 3 extensões e 104 estações. Os trens transportaram cerca de 300 mil passageiros por dia, conectando a capital às cidades do entorno. Em Senador Camará e Padre Miguel, usuários de drogas circulam livremente e há pontos de venda de entorpecentes dentro das áreas da estação. Consumo de drogas em estação de trem no Rio Reprodução/TV Globo No Ramal Japeri, a situação se repete: usuários de drogas nas estações, vandalismo nos vagões, bancos destruídos e intervalos longos entre os trens. Em Paracambi, a última estação do ramal, falta até banheiro para os passageiros. “Você paga a passagem, paga tudo, tem que ter um banheiro”, reclama Idalino Neto Bezerra de Souza, carpinteiro. Em Deodoro, passageiros são arriscados pelos trilhos e vagões abandonados formam um “cemitério de trens”. Cemitério de trens da Supervia Reprodução/TV Globo Superlotação A superlotação é um dos principais problemas enfrentados diariamente: “Quando tem jogo funciona que é uma beleza. Agora, quando não tem… a gente passa muito sufoco aqui. É muito ruim, moço…”, relata uma passageira. Outro usuário completo: “Sempre foi esse sofrimento. Até que hoje tá tranquilo, tá vazio. Tem dia que o negócio é feio”. Sucateamento A falta de manutenção é visível em várias estações. Banheiros em condições precárias, escadas rolantes quebradas e acessibilidade comprometida dificultam a vida de quem depende do serviço. “Muita falta… ainda mais eu que sou fibromiálgica, então subir escada fica muito difícil. A gente quer reclamação, mas parece que a nossa voz não sai”, desabafa Ana, cuidadora de idosos. O preço da passagem é de R$ 7,60, com tarifa social a R$ 5. Considere muito o valor alto diante da qualidade do serviço. “Pelo serviço que eles oferecem tá caro – 7,60 tá muito caro… caro demais”, afirma Jeferson Cabral de Santana, militar. Concessão desde 1988 A concessão da Supervia começou em 1998 e, desde então, enfrenta desafios. Em 2023, a empresa comunicou ao governo que não tinha condições de continuar operando, citando prejuízos com a pandemia, furto de cabos e congelamento de tarifas. Um acordo judicial prorroga a operação até março de 2026, quando uma nova operadora deve assumir o sistema. Três meses de transição A secretária estadual de Transportes, Priscila Haidar Sakalem, afirma que o governo trabalhou para garantir uma transição sem prejuízo ao passageiro. “A nossa expectativa é janeiro e março a gente tem Supervia e o novo administrador coexistindo. E a partir de abril o novo operador já toca a operação pelo período de cinco anos”, explica. Apesar das promessas de melhorias, os problemas de vandalismo e insegurança persistem. “Temos o GPfer, que é um grupo ferroviário composto por policiais militares, e a gente age em conjunto com toda a força policial do estado”, diz a segurança, que destaca ações para reduzir furos de cabos e melhorar a segurança, mas registrar que ainda há muito a ser feito. O que disseram os citados A Supervia informou, em nota, que investiu junto com o governo do estado cerca de R$ 160 milhões no sistema no último ano. Segundo a administração, os recursos foram aplicados em reformas estruturais, como troca de dormentes e recuperação da sinalização, o que foi feito na redução do tempo de viagem, principalmente nos ramais Santa Cruz e Japeri. A empresa declarou ainda que a média de passageiros aumentou 10% desde então. A Polícia Militar afirmou que as equipes atuam com patrulhamento preventivo nas plataformas, acessos e áreas internas das estações, além de realizar rondas embarcadas e reforço nos horários de maior fluxo.[/gpt3]











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