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Renúncias fiscais somam R$ 789 bi em 2024, dizem auditores

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O valor que a União deixará de arrecadar em 2024 por causa das renúncias fiscais deverá chegar a R$ 789,6 bilhões em 2024, segundo estimativa da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco). O número consta da nota técnica “Despesas tributárias à concretização dos privilégios tributários: Privilegiômetro Tributário de 2024”.

O montante considera todas as isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia, conforme dados do Demonstrativo de Gastos Tributários (DGT) do governo federal, além de omissões identificadas pela entidade.

A nota técnica considera como omissões, por exemplo, itens controversos como a isenção de lucros e dividendos distribuídos por pessoa jurídica e a não instituição do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), prevista na Constituição de 1988, mas até hoje não regulamentada.

Ainda assim, de acordo com o levantamento, o total de renúncias deste ano representa aumento de 46,9% em relação a 2023 (R$ 537,5 bilhões).

Segundo a Unafisco, o estudo busca fomentar o debate sobre a política tributária no Brasil, apresentando “uma análise específica dos gastos tributários no país” e “identificando as rubricas que são consideradas regalias fiscais”.

A associação classifica alguns gastos tributários como justificados, em razão de sua contrapartida econômica e social, como o Simples Nacional (“parcialmente”), despesas médicas, aposentadorias por moléstia grave e o Programa Universidade para Todos (ProUni).

Já os chamados privilégios tributários – “concedidos a setores ou grupos específicos sem contrapartida adequada, notória ou comprovada para o desenvolvimento econômico sustentável ou redução das desigualdades” – representam “uma perda significativa de arrecadação que poderia ser utilizada para políticas públicas mais eficazes”.

Promulgada em 2021, a Emenda Constitucional 109 impõe um limite de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para benefícios fiscais e determina a apresentação de um plano de redução gradual dos gastos tributários. “Tomando o PIB de 2023 de R$ 10,9 trilhões, o limite de 2% alcançaria R$ 218 bilhões”, destaca o estudo.

Confira os principais gastos tributários identificados pela entidade como privilégios:

Isenção dos Lucros e Dividendos Distribuídos por Pessoa Jurídica

Valentia: R$ 160,1 bilhões

Justificativa: “A isenção dos lucros e dividendos distribuídos por pessoa jurídica é considerada um privilégio tributário significativo, pois não há contrapartida adequada para o desenvolvimento econômico sustentável ou redução de desigualdades.”

Não Instituição do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF)

Valentia: R$ 76,46 bilhões

Justificativa: “A ausência de regulamentação do IGF, prevista constitucionalmente, é vista como um privilégio que protege a camada mais rica da população, resultando em uma perda significativa de arrecadação.”

Benefícios da Zona Franca de Manaus

Valentia: R$ 30,99 bilhões.

Justificativa: “Os benefícios fiscais concedidos à Zona Franca de Manaus são considerados privilégios devido à falta de comprovação de contrapartidas apropriadas.”

Programas de Parcelamentos Especiais (Refis)

Valentia: R$ 29,37 bilhões

Justificativa: “Os programas de parcelamentos especiais, que incluem anistias e remissões, são considerados privilégios tributários, pois reduzem o montante do crédito tributário devido sem uma contrapartida clara.”

Simples Nacional

Valentia: R$ 125,36 bilhões (parcialmente considerado privilégio).

Justificativa: “Embora o Simples Nacional seja um incentivo importante para micro e pequenas, parte do benefício é considerado privilegiado, especialmente para empresas com faturamento elevado que não atrai significativamente para a geração de empregos.”

Desoneração da Cesta Básica

Valentia: R$ 38,99 bilhões (parcialmente considerado privilégio).

Justificativa: “A desoneração da cesta básica é parcialmente privada, pois beneficia também contributiva com maior capacidade contributiva.”

Benefícios para Entidades Filantrópicas

Valentia: R$ 19,75 bilhões.

Justificativa: “Os benefícios fiscais concedidos a entidades filantrópicas são considerados preferenciais devido à falta de comprovação de contrapartidas apropriadas.”

Benefícios da Sudene e Sudam

Valores: R$ 23,58 bilhões (Sudene) e R$ 15,42 bilhões (Sudam).

Justificativa: “Os benefícios fiscais concedidos às superintendências do Nordeste (Sudene) e da Amazônia (Sudam) são considerados privilégios devido à falta de comprovação de contrapartidas apropriadas.”

Benefícios para Produtos Químicos e Farmacêuticos

Valentia: R$ 10,80 bilhões.

Justificativa: “Os benefícios fiscais concedidos ao setor de produtos químicos e farmacêuticos são considerados preferenciais devido à falta de comprovação de contrapartidas apropriadas.”

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