PLC 186/24, proposto por Paes, muda a contagem da carga horária dos professores, a licença especial e a gestão do período de férias, entre outros pontos. A categoria está em greve há mais de uma semana. Professores decidem por fim da greve na rede municipal do Rio Os professores do Rio de Janeiro votaram pelo fim da greve da categoria em assembleia realizada na manhã desta sexta-feira (6). As atividades que estavam paralisadas nas escolas municipais deverão ser retomadas na próxima segunda (9). A categoria estava em greve desde o dia 25 do mês passado. Os professores aprovaram que entraram no chamado “estado de greve”, o que significa que estarão prontos para uma nova paralisação caso as negociações com a prefeitura não avancem. De acordo com o Sepe, candidato responsável pela categoria, uma reunião está marcada para a semana que vem. A principal reivindicação do grupo é que o poder municipal volte atrás no Projeto de Lei Complementar 186/24, que altera benefícios dos professores da rede municipal de educação. Votação O fim da greve acontece um dia depois que os vereadores do Rio aprovaram, em segunda discussão, o PL 186/24. O prefeito comentou a votação do PL e disse que o projeto não representa uma redução nos direitos dos professores. “O que se aprovou na Câmara Municipal não retirou nenhum direito de ninguém, não se massacrou professor”. afirmou Eduardo Paes. Vanderléa Aguiar, do Sepe, afirma que o projeto prejudica os professores. “Tira os direitos dos profissionais de educação. Tira o direito das férias, aumenta o tempo de trabalho. Tem anos que a gente não tem reajuste. Os profissionais de educação vão ficar sem tempo de planejamento. Já trabalham fora do horário e vão aumentar, ainda mais, a carga horária”, disse o representante do sindicato. Dos 51 vereadores, 31 votaram a favor e 15, contra; 5 parlamentares não votaram. O projeto agora vai para sanção do prefeito Eduardo Paes, autor da proposta. Ele terá 15 dias — após a coleta do texto final — para decidir. Das 47 emendas propostas, 8 foram incluídas no texto que foi votado. Na quinta, os servidores se reuniram na porta da Câmara para protestar contra o avanço do projeto. Eles tiraram fotos dos parlamentares que foram elaboradas e feitas críticas. Alguns vereadores, que são de esquerda, foram acusados de traição contra a causa da Educação. A primeira discussão já aconteceu na terça (2): também com 31 vereadores a favor e 15 contra. A principal mudança proposta é sobre a carga horária dos servidores, que deixa de ser contabilizada por horas semanais e passa a ser por minutos. O objetivo é recuperar os 400 minutos de aula que deixam de ser dados pela aula ter 50 minutos de duração. Atualmente, os 50 minutos são contados como 1 hora/aula. Com a mudança, os professores deveriam dar 24 tempos a mais de aulas por mês. Entre outros pontos, o PLC 186 trata sobre a carga horária dos professores, o fim da licença especial e a gestão do período de férias (veja mais detalhes na reportagem). Lideranças do Sindicato dos Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEPE) ouvidas pelo g1 informaram que vão à Justiça para tentar barrar a iniciativa da Prefeitura do Rio. Na primeira votação, centenas de professores protestaram para tentar barrar ou pleito. Os profissionais da Educação se reuniram na Candelária e marcharam até a porta do legislativo municipal. Houve confusão, e bombas de gás foram ouvidas do lado de fora do prédio. Alguns professores conseguiram entrar e se manifestaram no plenário contra a presença de possíveis agentes da PM que trabalham sem farda. Bombas de gás são usadas durante manifestação de professores no Rio Reprodução Veja as principais mudanças: Carga horária: A contagem deixaria de ser por horas semanais e passaria a ser por minutos. O objetivo é recuperar os 400 minutos de aula que deixam de ser dados pela aula ter 50 minutos de duração. Atualmente, os 50 minutos são contados como 1 hora/aula. Com a mudança, os professores deveriam dar 24 tempos a mais de aulas por mês. (Veja mais detalhes no decorrer da reportagem). Licença-prêmio: A Licença Especial, também conhecida como licença-prêmio, permite que a cada 5 anos, os servidores municipais tirem uma licença de 3 meses. Se aprovado, essa licença seria extinta. Férias: Atualmente, os professores tiram férias junto com os alunos, em janeiro e julho, somando mais de 30 dias de férias. Com o PL, o professor poderia fracionar as férias em até três vezes se ele achasse necessário, contudo, só teria direito aos 30 dias de descanso. O professor só terá direito a férias após 365 dias de trabalho. Ou seja, o trabalhador que acabou de ingressar na rede terá que trabalhar em janeiro e julho, mesmo durante o período de recesso escolar. Desvio de função: O novo texto prevê a “atualização das atividades do cargo ou emprego público ocupado pelo funcionário”. Segundo o projeto, o servidor não poderia alegar desvio de função, caso fosse nomeado para outras atribuições. Atualmente a legislação diz apenas que é 'vedado ao funcionário atribuições diversas ao seu cargo'. Estágio probatório: Caso seja aprovado, a nova lei aumenta de 2 para 3 anos o período de estágio probatório dos servidores municipais. Servidores invadem a Câmara do Rio e protestam contra a votação do PL que pode retirar benefícios da categoria Rio TV Câmara/Reprodução Alterações no Plano de Cargos e Salários O Projeto de Lei 186/24 foi proposto pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) e pretende mudar pontos do Estatuto dos Servidores e o Plano de Cargos e Salários da Educação. O ponto mais polêmico e sensível para a categoria é sobre a contagem da carga horária dos professores, que deixaria de ser feita por horas e passaria a ser por minutos. Servidores do Rio protestam contra o projeto que pode mudar o plano de cargas e a periodicidade na educação Arquivo pessoal Na legislação vigente, são 50 minutos de aula a cada tempo. Na prática, os 50 minutos são contados como 1 hora. O professor que trabalha 40 horas semanais, dá 26 tempos de aula. A Secretaria de Educação do Rio alega que, por conta disso, 400 minutos de aulas deixam de ser dados e, por isso, a carga não seria cumprida de forma integral. Já os professores argumentam que os dez minutos que sobraram de cada hora cheia de aula sempre foram usados para o planejamento das aulas e correção de provas. Com a mudança proposta pela prefeitura, a contagem dos tempos de aulas seria feita por minutos, para eliminar uma margem de 10 minutos por hora. Ou seja, os professores ficam que dão 24 tempos a mais de aulas por mês. Segundo a Secretaria de Educação, o projeto visa corrigir esta alteração. “Para o profissional 40 horas, são 2.400 minutos por semana, divididos entre 1.600 minutos em sala de aula e 800 minutos de planejamento, em conformidade com a lei federal, que institui o terço de planejamento”. “A regra permite a divisão exata do tempo que o professor deve permanecer em sala de aula — que são dois terços da carga horária. Os 1,60 minutos de regência (em sala de aula) são oferecidos exatamente a 32 tempos de 50 minutos (por semana) “, dizia a nota da Secretaria Municipal de Educação. Gestão de férias Outro ponto sensível no texto que pode ser votado nesta terça é sobre a gestão das férias dos profissionais da educação. A lei em vigor atualmente garante ao professor e demais funcionários da rede escolar 30 dias de férias, que acontecem no mesmo período das férias escolares, entre o dia 2 de janeiro e 2 de fevereiro. Contudo, historicamente, os profissionais da educação também se beneficiam do recesso escolar, que acontece durante duas semanas do mês de julho e os últimos dias de dezembro, por conta dos feriados de final de ano. Professores da rede municipal do Rio fazem greve de 24 horas O projeto propõe uma mudança nessa dinâmica. O texto diz que “as férias poderão ser parceladas em até 3 (três) etapas, desde que assim exigidas pelo funcionário, prestadas a anuência da chefia imediata e o interesse da Administração, sendo que 1 (um) deles não poderão ser inferiores a 14 ( quatorze) dias corridos e cada um dos demais não poderá ser inferior a 5 (cinco) dias corridos”. O texto não deixa claro sobre a atividade dos professores durante o recesso de julho, por exemplo. O professor Diogo de Andrade, coordenador geral do Sindicato dos Profissionais da. A Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe), acredita que o recesso de julho é um período importante para a recuperação da saúde mental e física dos profissionais. “É uma necessidade tanto para professores quanto alunos. É um recesso que acontece já há muito tempo e no Brasil inteiro (…) Não é possível você levar quatro bimestres ou três trimestres diretamente seguidos sem uma pausa para que haja esse respiro” O O sindicalista argumenta ainda que a brecha no texto da lei pode fazer os professores terem que trabalhar no recesso ou em janeiro, quando os estudantes estiverem de férias. “Se a gente volta em janeiro com os alunos de férias, o que a gente vai ficar fazendo na escola? Há um receio, há uma dúvida geral, que por conta da má redação do PLC 186, os profissionais de educação podem ser obrigados a voltar em janeiro”.
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