O primeiro avião que fez a repatriação de brasileiros que pediram resgate do Líbano decolou na madrugada desta quarta (2) da base aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. A aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB) deverá trazer 220 pessoas como parte da operação “Raízes do Cedro”, que já tem uma lista com cerca de 3 mil brasileiros segundo fontes informaram à Gazeta do Povo.
O voo partiu às 0h47 do Rio de Janeiro com destino a Beirute, capital libanesa, com escala em Lisboa, em Portugal, num trajeto inicial de 9 horas e 20 minutos. Ao pousar na capital portuguesa, o avião ficará de prontidão aguardando a liberação para continuar a viagem, que depende de questões diplomáticas e de segurança, devido aos ataques aéreos na região entre Israel e o Líbano.
Este primeiro voo priorizará idosos, mulheres, crianças e pessoas que serão convocadas para assistência médica. No entanto, ainda não há previsão de quando o avião regressa ao Brasil, mas a expectativa é de que volte no final de semana.
Por outro lado, o governo tem incentivado que os brasileiros que possuem condições financeiras deixem o líbio em voos comerciais pelo aeroporto de Beirute – que segue aberto –, enquanto os demais serão incluídos na lista de repatriados.
De acordo com o Itamaraty, a maioria dos brasileiros que pediu resgate reside em Beirute e no Vale do Bekaa.
“A tripulação será composta, além dos tripulantes operacionais da aeronave, por militares da área de saúde (médico, enfermeiro, psicólogo), que estarão prontos para prestar o apoio necessário durante a missão”, disse a FAB em nota.
A decisão de enviar uma missão oficial foi tomada após uma conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o chanceler Mauro Vieira na segunda (30), durante uma viagem ao México. O Itamaraty está monitorando a situação no Líbano desde a semana passada e registrou um aumento significativo na demanda por repatriação à medida que o conflito se intensificou.
A embaixada brasileira em Beirute está em contato constante com os cidadãos no país, organizando listas daqueles que deveriam ser retirados. No entanto, os números variam, já que algumas famílias saem por conta própria, enquanto outras podem decidir permanecer ou se inscrever na lista conforme os riscos aumentam.
“O retorno do KC-30 ao Brasil estará condicionado a coordenadas e protocolos adicionais”, completou a FAB em nota.
O cenário atual remete à crise de 2006, quando cerca de 3 mil brasileiros foram retirados do Líbano devido a outro conflito entre Israel e Hezbollah. Desde o início dos bombardeios mais recentes, que tiveram como alvo o grupo extremista Hezbollah, civis também foram atingidos, resultando na morte de dois brasileiros.
No último sábado (28), Vieira se reuniu com o chanceler libanês, Abdallah Rashid Bou Habib, para discutir a possibilidade de repatriação e avaliar os cenários do conflito. O Itamaraty tem escolhido várias rotas para a retirada dos brasileiros, incluindo o uso do aeroporto de Beirute, que permanece operacional, ou a utilização de bases aéreas russas na Síria, localizadas próximas à fronteira com o Líbano.
Outra opção em estudo, embora mais complexa, seria o resgate via Chipre.
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