O ex-ministro e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres foi preso na manhã de sábado (14) e ainda não prestou depoimento sobre a suposta omissão em relação aos atos de vandalismo que terminaram com a depredação das sedes dos Três Poderes da República. Torres podem ser transferidas para a Papudinha, ala especial no Complexo da Papuda para acomodados militares e aguardados, após declaração para a polícia.
Por questões de segurança, é possível que a oitiva seja realizada no 4º Batalhão da Polícia Militar, onde Torres está presa desde sábado e registrada após decisão em audiência de custódia. O ex-ministro pode ser ouvido, ainda, na Superintendência da Polícia Federal, e, em seguida, ser encaminhado para a Papudinha. O trâmite é sigiloso.
O depoimento é um dos momentos mais aguardados desde a prisão. O ex-ministro da Justiça do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-secretário de Segurança do DF vai esclarecer o motivo pelo qual não estava no Brasil durante as manifestações de 8 de janeiro, que culminaram na invasão e depredação do Planalto, do Supremo Tribunal Federal e do Congresso.
Torres de apoio aos Estados Unidos dias antes do ataque aos prédios públicos e deixaram a capital federal sem o comando das forças de segurança. A viagem ocorreu antes do seu período de férias. No Diário Oficial, a folga estava programada para começar em 9 de fevereiro, um dia depois dos atos.
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Os envolvimentos do governador afastado do DF, Ibaneis Rocha (MDB), devem ser outro ponto de interesse do depoimento. Os investigadores querem saber se houve omissão por parte do chefe do Executivo local e se Torres tinha o aval para se ausentar. Segundo Ibaneis, a viagem não foi acordada.
minuta
O interrogatório também deve explorar a descoberta de uma minuta (um rascunho) de um decreto que tentaria mudar o resultado da eleição. O documento foi encontrado durante a busca e apreensão realizada na casa do ex-ministro pela Polícia Federal. Torres postou nas redes sociais a confirmação do texto, mas disse que ele foi vazado fora de contexto, o que ajudou a “alimentar narrativas falaciosas”.
O ex-ministro não entendeu, no entanto, de quem seria a autoria da minuta, que leva o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas que não estava assinada. “No cargo de ministro da Justiça, deparamos com audiências, sugestões e propostas dos mais diversos tipos. Cabe a quem ocupa tal posição o discernimento para entender o que efetivamente contribui para o Brasil”, adiantou Torres, e completou que o documento seria descartado.
Aliados de Bolsonaro temem que o depoimento recaia acomodação no ex-presidente. O STF incluiu Bolsonaro nas considerações sobre os atos de vandalismo que ocorreram em Brasília. O pedido foi aceito pela Procuradoria-Geral da República e por Moraes.
A Polícia Federal se movimenta para recuperar o celular de Torres e encaminhá-lo para perícia. O ex-ministro chegou a Brasília sem portar o aparelho. A reportagem apurou que os pesquisadores solicitam auxílio da Interpol para tentar localizar o aparelho em solo americano.
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