O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, lançou nesta quinta-feira (15) uma série de alertas para o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddade o presidente indicado para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante.
o principal alerta foi para o risco da volta de uma “massa grande” de crédito subsidiado para a política de juros e de combate à sobrevivência. Os recados vieram após a primeira reunião de Haddad com Campos Neto em que conversaram sobre a importância de coordenação da condução da política fiscal, pelo Ministério da Fazenda, com a política de juros do BC.
A preocupação com a reedição da política de estímulo ao crédito com taxas subsidiadas, como foi feito durante o governo Dilma Rousseff, entrou no radar no mercado financeiro depois da indicação de Mercadante para comandar o BNDES.
O banco de fomento foi o epicentro dessa política, com empréstimos bilionários concedidos pelo Tesouro Nacional, que chegaram ainda no governo Lula, e que estão sendo devolvidos à caixa da União desde o governo Temer. UMA devolução completa ainda não foi concluída.
Apesar de Mercadante ter negado — em conversa com o presidente da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos)Isaac Sidney, — que esse caminho será adotado, a desconfiança continua e seguindo impactando os ativos financeiros.
Essa temática se somou ao risco de mudanças na Lei das Estatais, patrocinado pelas lideranças do Centrão. Haddad também defendeu o foco do futuro governo na política de crédito para o crescimento do país, mas ponderou que será feito com “responsabilidade fiscal”.
Sem citar diretamente o BNDES ou o governo eleito, os alertas de Campos Neto foram feitos ontem durante a apresentação do último Relatório Trimestral de Inflação do ano.
A preocupação com o crédito subsidiado também foi incluída no documento, que traz um panorama completo do cenário econômico e do balanço de riscos para a sobrevivência. Em um dos trechos, o BC fala que as projeções para dependentes de considerações sobre a evolução das políticas fiscais e “parafiscais”.
O presidente do BC ponderou que, se houver um aumento muito grande do crédito subsidiado, poderá ocorrer uma reversão desses dois ganhos obtidos nos últimos anos.
contas públicas
O BC também renovou os alertas para o risco de a piora nas contas públicas e o aumento de gastos afetarem as expectativas da sobrevivência e levarão o BC a subir novamente os juros. Hoje, a taxa básica, a Selic, está estacionada em 13,75% ao ano. Ele sinalizou que pode voltar a aumentar os juros caso o processo de desinflação não ocorra como esperado.
Chamou atenção a informação dada pelo presidente do BC de que, nas suas projeções de elevados para tomar a decisão sobre juros, levou em consideração um teto de R$ 130 bilhões de altos gastos em 2023.
O valor é menor do que os R$ 168 bilhões da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, que foi aprovado no Senado e que ainda precisa passar pelo crivo da Câmara. Na prática, a revelação do valor considerado pelo BC em suas projeções impôs uma espécie de saia-justa para o futuro governo.
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