No início deste mês, a Polícia Federal (PF) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) mais 60 dias para concluir o inquérito sobre os supostos atos golpistas de 8 de janeiro. O inquérito deveria ter sido finalizado entre o fim de outubro e o começo de novembro, mas a PF diz que encontrou novos arquivos em dispositivos eletrônicos do tenente-coronel Mauro Cidex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que fez com que pediu mais prazo para analisar os documentos.
A conclusão do inquérito, que deve ocorrer nos primeiros dias de janeiro, pode culminar com o indiciamento, ou não, de Bolsonaro no caso. Agora o inquérito deve ser conduzido ao ministro relator, Alexandre de Moraes, no STF, no início de 2025.
Segundo fontes ligadas às investigações, um novo software de tecnologia israelense auxiliou na recuperação e localização de conversas ocultas ou apagadas que estavam na nuvem de dispositivos eletrônicos do Cid. Esses arquivos não foram indicados pelo tenente-coronel em seu acordo de delação premiada, o que poderia levar à revisão do acordo, segundo a PF – possibilidade que o advogado de Cid, Cezar Bittencourt, nega.
Com a localização desses documentos, Mauro Cid foi chamado para prestar um novo depoimento à Polícia Federal nessa terça-feira (19), em Brasília. Bittencourt afirmou que a audiência foi agendada na última sexta-feira.
A PF pretende questionar Cid sobre os arquivos recuperados de dispositivos eletrônicos que foram apagados. O advogado disse à imprensa que o depoimento deve preencher “alguma lacuna” das investigações e reforçar que a defesa está disposta a colaborar.
A delação de Cid foi homologada em setembro do ano passado pelo STF. Ele foi liberado provisoriamente da prisão, com uso de tornozeleira eletrônica, com restrições como a proibição de sair de casa aos fins de semana e à noite. Ele foi afastado do Exército.
Entre as condições impostas, Cid teria de entregar provas e contar o que sabia sobre os atos em investigação. Ele também precisa se apresentar à Justiça com periodicidade, além de ter entregado seus passaportes e estar impedido de viagens para o exterior. Seus direitos de porte de armas e atividades relacionados foram suspensos e é proibido usar redes sociais e se comunicar com outros investigados.
Cid ficou preso de maio a setembro do ano passado, acusado de envolvimento em outros casos: o de planejar fraude de cartões de vacinação e alterar dados no sistema do Ministério da Saúde, além de um envolvimento na venda irregular de presentes e joias durante o governo Bolsonaro .