Ao discursar na abertura do G20, nesta segunda-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a enaltercer a redução da fome no Brasil com a apresentação de números questionáveis, conforme a Gazeta do Povo mostrado em uma matéria de julho deste ano.
Segundo Lula, o seu governo já se aposentou mais de 24,5 milhões de pessoas em extrema pobreza desde o início de 2023. Ele repetiu o discurso de que os governos do PT fizeram o Brasil sair do mapa da fome da FAO em 2014 e que o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reverteu esta situação.
“Conseguimos sair do Mapa da Fome da FAO em 2014, para o que voltamos em 2022, em um contexto de desarticulação do Estado de bem-estar social. Foi com tristeza que, ao voltar ao governo, encontrei um país com 33 milhões de pessoas famintas. Em um ano e onze meses, o retorno desses programas já retirou mais de 24,5 milhões de pessoas da extrema pobreza Até 2026, novamente sairemos do Mapa da Fome”, declarou Lula.
O anúncio do presidente é baseado em números de pesquisas diferentes. Os dados de 2023 do IBGE são comparados aos de uma pesquisa realizada em 2022 por uma ONG chamada Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), em parceria com um instituto de pesquisa.
Em abril, o IBGE divulgou dados que apontam que, em 2023, 21,6 milhões de domicílios estavam em situação de insegurança alimentar, sendo 3,2 milhões com insegurança alimentar grave, o estágio mais crítico da escalada.
Os anúncios se confundiram ainda com outro dado divulgado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Para o organismo internacional, houve uma queda de 9% no percentual de pessoas com a chamada insegurança alimentar severa entre 2022 e 2023. Sendo assim, 14,7 milhões de pessoas deixaram de passar fome no país.
Historicamente, os dados da FAO são divulgados por triênio e não são publicados em separado, com recorte anual. O relatório, que considera o período dos últimos três anos, mostra que a insegurança alimentar caiu severamente de 8,5%, no triênio 2020-2022, para 6,6%, no período 2021-2023, o que corresponde a uma redução de 18,3 milhões para 14,3 milhões de brasileiros nessa situação. Em números absolutos, isso significa que 4 milhões saíram da insegurança alimentar severa na comparação entre os dois períodos de 3 anos.
Apesar de Lula usar a redução da fome como trunfo do seu governo, alguns especialistas dizem que ainda é cedo para obter os dados exclusivamente às políticas adotadas a partir de sua posse.
Oposição crítica do discurso de Lula sobre a fome
Deputados da oposição criticaram o discurso de Lula por ele afirmar que seu antecessor, Jair Bolsonaro, teria deixado “33 milhões de pessoas famintas” no Brasil. De acordo com o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS), o presidente manipula dados para atacar o governo anterior, enquanto desvia a atenção das falhas de sua própria gestão.
“O presidente se apega a números que carecem de base sólida para construir uma narrativa política. Essa retórica já não convence, especialmente quando o próprio governo ignora os desafios econômicos que estão agravando a situação das famílias brasileiras.”, disse Nogueira.
Já sou deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) criticou a postura de Lula ao utilizar um fórum internacional para alfinetar seu antecessor. “É lamentável que o presidente use o G20, um espaço para divulgação global, como palanque para atacar o governo anterior com dados distorcidos. Em vez de culpar o passado, Lula deveria explicar por que sua gestão não tem apresentado soluções eficazes para a fome e a fome miséria que ele tanto menciona”, declarou.
Na mesma linha, o deputado Sanderson (PL-RS) enfatizou o impacto negativo da fala de Lula na substituição do Brasil. “Levar ao G20 um discurso carregado de acusações infundadas e políticas baratas é envergonhar o Brasil. O presidente deveria estar apresentando soluções para atrair investimentos e combater a pobreza, e não tentar culpar o passado para justificar a falta de resultados no presente.”
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