O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu oficialmente a COP 30 de Belém, nesta segunda (10), com uma forte crítica aos líderes mundiais que não participam da conferência e que, na visão dele, também são responsáveis por altos gastos militares do que contra as mudanças climáticas.
A crítica foi feita de improviso e com um duro tom logo no começo do discurso, parcialmente improvisado, em que elogiou a participação de delegações na comparação com os líderes que não foram ao evento.
“Essa lição de civilidade e grandeza humana, provando que se os homens que fazem guerra estão aqui nesta COP iriam perceber que é muito mais barato colocar US$ 1,3 trilhão para a gente acabar com o problema climático do que colocar US$ 2,7 trilhões para fazer guerra como feito no ano passado”, disparou Lula de improviso no discurso de abertura do evento.
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Pouco depois, em um momento de discurso lido, Lula aumentou nas críticas citando medidas contra o multilateralismo no mundo — sem citar nomes — e afirmou que o planeta vive um momento de “obscurantismo” e de negação de evidências da ciência sobre as mudanças climáticas. Ele citou catástrofes recentes como o furacão Melissa, no Caribe, e a vista neste fim de semana no Rio Bonito do Iguaçu, no interior do estado do Paraná, em que três tornados destruíram 90% da cidade.
“Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitaram não só as evidências da ciência, mas também os progressos do multilateralismo. Eles controlam algoritmos, semeiam o ódio e espalharam o medo. Atacam as instituições, a ciência e as universidades. É momento de importar uma nova derrota aos negacionistas.”, afirmou citando novamente que esta é uma “COP da verdade”, como ele e aliados vêm frisando em seus discursos e falas sobre o evento.
Ainda no discurso de abertura da COP 30, Lula voltou a pedir uma “governança global mais robusta” com a criação de um Conselho do Clima vinculado à Assembleia Geral da ONU e acelerar a implementação de metas e iniciativas para segurar o aquecimento global que, diz, vai superar a marca de um grau e meio de temperatura.
“Romper essa barreira é um risco que não podemos correr. […] Conclamamos os líderes mundiais para acelerar a ação climática. Precisamos de mapas do caminho para que a humanidade, de forma justa e adequada, supere a dependência dos combustíveis fósseis, pare e reverta o desmatamento e mobilize recursos para esses fins”, pontual.
Lula citou três itens para que os países cumpram seus compromissos com a agenda climática:
- Formular e implementar as Contribuições Nacionalmente Determinadas ambiciosas (as NDCs, na sigla em inglês);
- Assegurar financiamento, transferência de tecnologia e capacitação aos países em desenvolvimento;
- E dar a atenção à adaptação aos efeitos da mudança do clima.
Segundo informações oficiais do evento, menos de 80 países participantes da COP 30 já entregaram os NDCs, que são as metas públicas de mitigação para redução de emissões de gases do efeito estufa e exaustão por 64% das emissões globais.
Ainda durante o discurso, Lula afirmou que as mudanças climáticas reforçam a desigualdade social, “expõe e exacerba o que já é inaceitável” e que “aprofunda a lógica perversa que define quem é digno de viver e quem deve morrer”. “O aquecimento global pode empurrar milhões de pessoas para a fome e a pobreza, fazendo retroceder décadas de avanços”, apontou.
A COP 30 é realizada até dia 21 de novembro em Belém, com delegações de 194 países, mas um baixo número de líderes presentes.











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