A atitude contrasta com as obrigações dos presidentes Joe Biden (Estados Unidos) e Emmanuel Macron (França), dos primeiros-ministros Benjamin Netanyahu (Israel), Keir Starmer (Reino Unido) e Olaf Scholz (Alemanha) e do presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen.
Lula chegou a condecorar Assad, em 2010, com o Grande Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, uma das maiores condecorações do governo brasileiro. O ato foi alvo de um Projeto de Decreto Legislativo em 2018 para ser revogado, mas segue parado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.
“O governo brasileiro acompanha, com preocupação, a escalada de hostilidades na Síria. Exorta todas as partes envolvidas a exercer a contenção máxima e a garantir a integridade da população e da infraestrutura civil”, disse o Ministério das Relações Exteriores em nota.
A nota do Itamaraty adota um pragmatismo diplomático e diz que “reitera a necessidade de pleno respeito ao direito internacional, inclusive ao direito internacional humanitário, bem como à unidade territorial síria e às resoluções pertinentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.
Bashar al-Assad manteve-se no poder por quase 14 anos e provocou uma fuga em massa de mais de 10 milhões de cidadãos para outros países vizinhos, Europa e Américas – o Brasil entre eles. Foi um dos regimes ditatoriais mais cruéis vívidos no mundo neste século que levou a uma dramática guerra civil.
“O Brasil apoia os esforços para solução política e negociada do conflito na Síria, que respeitem a soberania e a supervisão territorial do país”, emendou.
A pasta informou que a embaixada brasileira em Damasco, capital da Síria, segue aberta e monitorando a situação dos cidadãos e que não há registro de vítimas.
Os insurgentes sírios anunciaram neste domingo (8) a deposição do presidente Bashar Al-Assad após tomar o controle de Damasco, marcando o fim de uma guerra civil que já durava 13 anos. Por meio do aplicativo Telegram, os rebeldes proclamaram a “cidade de Damasco livre” e afirmaram que a tomada ocorreu sem resistência significativa por parte do exército sírio.
Num comunicado, os insurgentes celebraram a libertação dos prisioneiros da prisão de Sednaya, uma das mais notórias do regime. “Celebramos com o povo sírio a libertação de nossos prisioneiros, da quebra de suas correntes e o fim da era de injustiça”, declararam. Eles destacaram que estão trabalhando para implementar uma transição de poder por meio de um órgão governamental com plenos poderes executivos.
Os rebeldes destacaram que a luta agora é por resistência e união. “Uma grande revolução na Síria passou do estágio de luta para derrubar o regime de Assad para a luta de construir juntos uma Síria digna dos sacrifícios de seu povo.”
A queda de Assad foi comemorada com grande entusiasmo pela população. Milhares se reuniram na praça principal de Damasco gritando “liberdade” e comemorando em cima de tanques abandonados pelo exército. Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram a euforia nas ruas, com pessoas festejando o que chamam de início de uma nova era para o país.
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