No início da pandemia de Covid-19, Mariana Alves, de 18 anos, passou por uma situação nada agradável. Recentemente, ela aceitou compartilhar a história nas redes sociais, e o vídeo já totaliza mais de 3,5 milhões de visualizações.
A brasileira passou meses observando a barriga crescer de forma inusitada e, em julho de 2020, teve uma surpresa: ela não estava engordando. O volume tratou-se de um cisto de 7 kg no ovário.
“Em dois meses, eu engordei muito, mas era só a barriga mesmo. Em junho, comecei a sentir muita dor, muita pontada nas costas, dor no abdômen, às vezes, eu fazia alguma coisa e vinha a pontada, doía”, relembra Mariana.
A primeira suspeita dos médicos era de uma gravidez, porém, a partir de um ultrassom, eles descobriram um cisto que já estava “no abdômen completo, apertando todos os órgãos”, relata um jovem.
De acordo com Rogério Felizi, ginecologista do Hospital Vergueiro, “os cistos são formações localizadas pelo acúmulo de líquido no tecido ovariano. Os cistos ovarianos são muito frequentes nas mulheres por fazerem parte da ovulação. podem crescer e chegar a grandes proporções.”
Segundo Mariana, a médica disse que as dores que ela sentia eram causadas pelo cisto, que já não tinha mais espaço para crescer. Felizi também complementa que os principais sintomas desses cistos, de fato, são o aumento do volume abdominal associado à dor.
Para identificar de forma mais exata a localização do tumor, ela realizou uma tomografia no mesmo dia.
“Eu fiquei muito assustada, porque eu não sabia o que estava transitória. A médica só tinha falado que eu estava com um cisto muito grande, que estava apertando tudo e que era muito perigoso, então eu só sabia ficar assustada” conta.
Já com o acompanhamento de um ginecologista, Mariana fez uma ressonância magnética e, segundo ela, “minha barriga já estava enorme”. Com o documento em mãos, ela foi encaminhada para os exames pré-cirúrgicos, custeados pela família em um hospital particular (assim como a cirurgia).
“Comecei a fazer vários exames, para fazer a cirurgia, e muita apreensiva, porque o médico perguntou para mim se tinha algum risco de alguém na família já ter tido câncer no ovário, então o nosso desespero era ser câncer”, diz Mariana.
Outro desafio enfrentado por ela, era a forma que a cirurgia seria realizada.
“A princípio, eles iriam abrir a minha barriga na vertical para tirar o cisto por inteiro, aquela bola inteira, e aí eu já estava desesperada, porque eu não queria ter essa cicatriz enorme na minha barriga”, relata.
Para resolver a situação, ela recorreu a um ginecologista especializado em oncologia.
“Ele prometeu que tentaria fazer por vídeo [a cirurgia]para não ter esse problema com cicatrização”, lembra. Esse tipo de procedimento é menos invasivo e os pontos são menores. Em cerca de 20 dias depois, Mariana fez uma cirurgia no hospital Mogi Mater, em Mogi das Cruzes.
O processo gostou cerca de seis horas – em razão da grande quantidade de líquido – e não teve complicações.
“Graças a Deus a cirurgia foi feita por vídeo, então eu tenho três cortes: um no umbigo, um na lateral da barriga e um abaixo do umbigo”, descreve um jovem.
Mariana definiu uma situação como “desesperadora”, pois ela nunca havia tido um cisto, tinha acabado de perder a avó para um câncer de útero e tia havia sido diagnosticada com câncer de mama.
“Mas, graças ao bom Deus, a biópsia deu que era algo benigno. Passou e, agora, eu tenho que fazer acompanhamento, tenho que ir ao ginecologista a cada seis meses, fazer uma ultrassonografia do abdômen, completo e pélvico. Agora também faço transvaginal e tomo um anticoncepcional contínuo – faço uma pausa só a cada quatro meses porque – meus hormônios estão muito descontrolados”, explica.
Como o caso de Mariana não era hereditário, a possível explicação, segundo Felizi, pode ter sido um “acúmulo progressivo de líquido no ovário durante um período longo.”
Outras causas comuns do tumor na região, segundo o especialista, são “algumas disfunções hormonais, como a síndrome dos ovários policísticos. Porém, trata-se de uma disfunção hormonal associada ao aumento dos hormônios chamados androgênios e, exceto, apresentam grandes volumes.”
Hoje, Mariana aconselha que todas as mulheres cuidem e procurem um médico em caso de qualquer anormalidade.
“Quando sentir dor, quando ver que está engordando, quando ver que está tendo uma mudança no corpo muito fora do normal [vá ao hospital], porque eu quase perdi minha vida com isso. Faça os exames e, sempre que possível, tire um tempinho para se cuidar, para não deixar chegar em um ponto muito grave”, conclui o jovem.
Mariana correu muitos riscos enquanto estava com o cisto. Felizi diz que “cistos de grandes volumes [podem causar] o rompimento da cápsula do cisto e a torção seguida de isquemia e perda do ovário. Ambas as situações estão associadas a quadro de dor abdominal seguido de forte intensidade, sendo necessária internação, abordagem psicológica e muitas vezes a retirada do ovário.”
Por essa razão, o especialista recomenda a realização de exames periódicos, para identificar cistos ainda pequenos, pois eles podem ser tratados com medicamentos ou procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos.
*Estagiária do R7sob supervisão de Giovanna Borielo
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