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Governo Lula sigilo de 100 anos declaração de conflito de ministro

Governo Lula sigilo de 100 anos declaração de conflito de ministro

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Na contramão do que prometeu ao presidente Lula (PT) na campanha eleitoral, o governo impôs 100 anos de sigilo sobre a declaração de conflito de interesses entregue pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao assumir a massa, no início do ano passado .

A decisão tomada pela Comissão Mista de Reavaliação de Informações (CMRI), que é formada por membros do Executivo, em resposta a um pedido de acesso feito pelo portal UOL.

Segundo o UOLa decisão é definitiva e não deixa espaço para recurso.

Todos os ministros são obrigados a entregar a Declaração de Conflito de Interesses (DCI) quando tomarem posse.

Eles também precisam informar se parentes de até o terceiro grau exercem atividades que possam representar conflitos de interesses com suas atividades nos ministérios.

Na DCI, o ministro também deve relatar suas atividades privadas no ano anterior à nomeação, bem como deve detalhar “bens e atividades econômicas” que não incluam em sua declaração de imposto de renda da pessoa física.

“Os dados pessoais presentes no documento são de acesso restrito, visto que se referem a aspectos da vida privada e intimidados do titular e, portanto, não publicizáveis, independentemente da classificação das informações e pelo prazo máximo de 100 anos, a contar dos seus dados de produção”, disse a Comissão Mista de Reavaliação de Informações (CMRI) em resposta aos pedidos do UOL.

Pedidos negados

Primeiro, em junho de 2023, o UOL solicitou uma Declaração de Conflito de Interesses (DCI) diretamente ao ministro, que se negou a fornecer o documento.

Em seguida, o UOL fez o pedido à Comissão de Ética Pública da Presidência da República, que negou por duas vezes alegando tratar-se de “informações pessoais, inclusive com dados patrimoniais das autoridades, portanto, de acesso restrito”.

As negativas foram contestadas pelo UOL na Controladoria-Geral da União (CGU), sem sucesso.

No recurso, o UOL chegou a sugerir que trechos do documento poderiam ser protegidos com tarjas para preservação de informações pessoais.

A última instância para tentar reverter as negativas foi a Comissão Mista de Reavaliação de Informações (CMRI).

Ao recorrer à Comissão, o UOL Insistiu que nem todas as informações do documento estariam legalmente protegidas por sigilo fiscal e que, como ocupante de uma carga pública, o ministro deveria estar sujeito ao escrutínio público.

Consultada pela CMRI sobre o pedido, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República disse que não se considerou “instância competente” para liberar as informações e encaminhou a tarefa para a CGU.

A CMRI contestou a alegação da Comissão Ética, que manteve a negativa de acesso.

Sem as informações constantes no documento é impossível avaliar um eventual caso de conflito de interesses envolvendo a atuação de Silveira como ministro.

O UOL resolvo entrar com o pedido de acesso depois de noticiar, no ano passado, a multiplicação do patrimônio de Silveira nas últimas duas décadas, mesmo período em que há cargas públicas ocupadas.

Patrimônio de Silveira cresceu 30 vezes

Segundo uma reportagem do UOL publicado em junho de 2023, o patrimônio de Silveira cresceu 30 vezes nesse período.

Procurado pelo jornal, Silveira disse que o aumento do seu patrimônio é fruto de mais de “30 anos de atuação como empresário”.

O levantamento do UOL teve como base 1.254 documentos públicos, obtidos em cartórios de notas e de imóveis de três estados, juntas comerciais, prefeituras e tribunais de Justiça. Alguns endereços foram visitados pessoalmente.

Segundo uma estimativa conservadora do UOL, o ministro teria um patrimônio de R$ 79,1 milhões.

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