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Governo argentino chama greve da CGT de “desperdício de dinheiro”

Governo argentino chama greve da CGT de “desperdício de dinheiro”

Começou nesta quarta-feira (24)
na Argentina a primeira greve geral dos sindicatos contra o governo do
presidente Javier Milei, que assumiu o cargo há pouco mais de um mês com um
programa de reformas liberais que busca desregulamentar a economia e reduzir o
tamanho do Estado.

A greve, convocada pela
Confederação Geral do Trabalho (CGT), a maior central sindical do país, que é
ligada ao peronismo, conta com o apoio de partidos políticos da oposição e
também de outras organizações sociais.

A paralisação, que ocorre desde as 12h (horário local, o mesmo de Brasília), deverá seguir até o começo da madrugada desta quinta-feira (25) e afeta principalmente o transporte aéreo, que já conta com centenas de cancelamentos de voos da companhia aérea estatal Aerolíneas Argentinas, e a atividade portuária, que foi interrompida em alguns terminais. A associação bancária também aderiu ao movimento peronista.

Foram registradas manifestações
nas ruas de Buenos Aires e outras cidades, com milhares de pessoas se
concentrando nos arredores da Praça do Congresso, onde a CGT estará fazendo um
discurso contra as medidas do governo libertário.

A greve está sendo realizada contra
o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), que entrou em vigor em 29 de
dezembro, ainda sob tutela judicial em vários pontos, e o projeto de lei de
Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos, que nesta quarta-feira
obteve o aval das comissões para prosseguir ao debate na Câmara dos Deputados.

Esses decretos, que Milei
considera como fundamentais para modernizar o país e atrair investimentos,
contemplam medidas como a eliminação de impostos, a flexibilização trabalhista,
a privatização de empresas públicas e a abertura comercial da Argentina.

O governo qualificou a greve convocada
pela organização peronista como “sem sentido, uma complicação e um desperdício
de dinheiro”, e acusou a CGT de tentar “complicar a vida dos demais argentinos
e de ter interesses políticos”.

O porta-voz da presidência,
Manuel Adorni, disse nesta quarta-feira que a paralisação não “vai de
encontro ao que a maioria quer: viver em paz em um país onde as coisas começam
a ser bem feitas, entendendo que é um momento extremamente complicado”.

A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, por sua vez, visitou comerciantes que não aderiram à greve e habilitou uma linha telefônica para receber denúncias de possíveis chantagens ou coerções para que eles participem da movimentação.

Não é a primeira vez que a
Argentina enfrenta uma greve geral durante um governo que defende pautas
liberais. Na gestão de Mauricio Macri (2015-2019), foram cinco. Já na
presidência do peronista Alberto Fernández (2019-2023), que terminou com uma
inflação anual de 211,4% e 40% de pobreza, nenhuma foi convocada.

Um dos setores que não aderiu à
greve foi o dos agricultores argentinos, que enfatizaram por meio de um
comunicado conjunto a “necessidade de continuar trabalhando para fomentar o
desenvolvimento econômico e fortalecer os laços sociais nas províncias”.

“Estamos plenamente convencidos de que a alternativa para superar a crise que abraça a nossa nação está em continuar trabalhando”, disseram eles, que reafirmaram também seu apoio ao decreto e às reformas do governo de Milei, que consideram como “benéficas para a sociedade”. (Com Agência EFE)

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