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Evandro Teixeira, um dos maiores nomes do fotojornalismo do Brasil morre no Rio, aos 88 anos

Evandro Teixeira, um dos maiores nomes do fotojornalismo do Brasil morre no Rio, aos 88 anos

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Fotógrafo registrado por 70 anos eventos marcantes da história brasileira e mundial. Velório será aberto ao público, na Câmara Municipal do Rio, terça-feira. Morre o fotógrafo Evandro Teixeira, aos 88 anos Evandro Teixeira, um dos maiores nomes do fotojornalismo brasileiro, morreu nesta segunda-feira (4), aos 88 anos, no Rio de Janeiro. O fotógrafo inúmeras vezes premiado e autor de imagens marcantes da história do Brasil – e até de outros países – esteve internado na Clínica São Vicente, na Gávea, na Zona Sul. A causa da morte foi falência múltipla de órgãos em decorrência de complicações de uma pneumonia. Evandro deixa a esposa, Marli, com quem foi casado há 60 anos, duas filhas e três netas. O corpo do fotógrafo será velado em cerimônia aberta na Câmara dos Vereadores, no Centro do Rio, na terça-feira (5), das 9h às 12h. Passeata dos 100 mil, Tomada do Forte, enterro de Neruda: fotógrafo Evandro Teixeira conto ao g1 as histórias por trás da cobertura de ditaduras Fotógrafo histórico Visitante observa foto da exposição “Evandro Teixeira. Chile, 1973”, que também tinha fotos da ditadura no Brasil, como essa histórica Tânia Rêgo/Agência Brasil Evandro registrou, quase sempre em preto e branco, boa parte do que de mais importante aconteceu na segunda metade do século 20. Nascido na Bahia , em 1935, Evandro Teixeira deixou Irajuba, um povoado a 307 quilômetros de Salvador, para fotografar o Brasil. Ainda jovem, fez um curso de fotografia à distância e, em 1957, chegou ao Rio de Janeiro com uma carta de recomendação para trabalhar no Diário da Noite. Logo depois, foi convidado a integrar a equipe do Jornal do Brasil, onde trabalhou por 47 anos, tornando-se uma referência no fotojornalismo. Evandro Teixeira em setembro de 2023, quando lançou programa no CCBB do Rio Marcello Cavalcanti Em quase 70 anos de carreira, registrou eventos marcantes como o golpe militar de 1964 e a ocupação do Forte de Copacabana em 1º de abril de 1964. Com a câmera escondida, ele se disfarçou de oficial sem farda, acompanhado por um amigo militar. “Aí ele bateu continência, eu bati também e falei que era o capitão tal – já não me lembro mais o nome (risos)”, lembrou ao g1, em entrevista feita em setembro de 2023. Em seguida, bateu a poética foto que estampou a primeira página do Jornal do Brasil no dia seguinte, com militares em contraluz debaixo de chuva (veja acima). “Tirei o filme da câmera, botei na meia. Na saída, tive que mostrar a câmera, mas já estava com o filme escondido”, lembra, revelando um hábito que tinha para evitar ter o rolo apreendido e perder as fotos. As lentes de Evandro Teixeira foram fundamentais para imortalizar a luta contra os horrores da ditadura no Brasil. Suas fotos, como a da multidão de cariocas na Passeata dos 100 Mil em 1968, na Cinelândia, no Centro do Rio, são exemplos marcantes de seu trabalho. “Estava lotado e eu nunca vi tanta gente. Aquela faixa de 'Abaixo a ditadura, o povo no poder' me chamou a atenção.” Em um dia de confusão e corre-corre no Centro do Rio, Evandro capturou uma de suas fotos mais icônicas: a de um estudante caindo enquanto era perseguido por dois policiais (veja abaixo). Caça ao estudante durante a Sexta-feira Sangrenta, série de manifestações contra a ditadura realizada no centro do Rio e duramente reprimidas pelo regime, Rio de Janeiro, RJ, 21/06/1968 Evandro Teixeira/Acervo IMS Recentemente, a imagem circulada com uma mensagem falsa alegando que o estudante seria o atual presidente Lula. “Ele soltou um gemido alto e ficou estirado no chão. Os policiais queriam levantá-lo, eu tirei mais uma foto e saí correndo porque eles queriam me perseguir”, disse ao g1, no ano passado. Em outra ocasião, na Candelária, Evandro registrou a repressão policial com agentes montados a cavalo. Repressão policial na Candelária durante a missa de sétimo dia do estudante Edson Luís, assassinado durante protesto estudantil até no restaurante Calabouço, Rio de Janeiro, RJ, 04/04/1968 Evandro Teixeira/Acervo IMS Golpe militar do Chile Presos políticos encarcerados no subsolo do Estádio Nacional, Santiago, Chile, 22/09/1973 Evandro Teixeira/Acervo IMS Em setembro de 1973, Evandro Teixeira voltou sua câmera para o golpe militar no Chile, que resultou na morte do presidente Salvador Allende. Durante sua estadia, ele capturou fotografias que trouxeram documentos históricos. Algumas dessas imagens foram feitas no Estádio Nacional, onde Evandro conseguiu documentar a violação dos direitos humanos. Também são dele as fotos do adeus a um dos ícones da esquerda no Chile, o poeta Pablo Neruda (veja histórias sobre as fotos no Chile). Matilde Urrutia, viúva de Pablo Neruda, na Clínica Santa Maria ao lado do corpo do poeta, Santiago, Chile, 24/09/1973. Evandro Teixeira/Acervo IMS Também eternizou em imagens Pelé e Ayrton Senna, acompanhando a visita da Rainha Elizabeth e do papai João Paulo II, documentando fome e pobreza e as festas populares, como o carnaval. O fotógrafo reuniu em livros tudo que lhe dava orgulho. Além da mulher Marli, duas filhas e netos, Evandro deixa um tesouro captado por um olhar incomparável. Não foi à toa que ganhou, em vida, uma honraria: uma poesia escrita só para ele por Carlos Drummond de Andrade, um admirador do seu trabalho. Evandro Teixeira autografa uma de suas fotos célebres, a da Passeata dos Cem Mil Marcello Cavalcanti Evandro Teixeira em setembro de 2023, quando lançou mostra no CCBB do Rio Marcello Cavalcanti Evandro Teixeira em setembro de 2023, quando lançou mostra no CCBB do Rio Marcello Cavalcanti Evandro Teixeira em setembro de 2023, quando lançou programa no CCBB do Rio Marcello Cavalcanti O fotógrafo Evandro Teixeira participou da escolha das imagens da campanha 'Rio dos meus olhos', da Globo, em 2016 Reprodução / Globo Mostra 'Evandro Teixeira, Chile, 1973', que apareceu em cartaz no CCBB do Rio g1 Rio

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