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Edital concede bolsa e recursos para pesquisadores negros e indígenas – Notícias

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Embora 57% da população brasileira se classifiquem como pretos, pardos e indígenas, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), essa parcela da população ainda é sub-representada nas instituições acadêmicas. Pensando em reduzir essa lacuna, o Instituto Serrapilheira e a Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) decidiu, em uma parceria inédita, fazer uma chamada exclusiva para investigadores negros e indígenas que sejam pós-doutores, mas que ainda não tem nenhum vínculo como professores.

“A gente quer ajudá-los naquele momento em que eles já são pós-doutores, mas não têm ainda essa posição formal, diferente do que acontece nas nossas outras chamadas. Na verdade, o que a gente quer é combinar vários aspectos importantes para a ciência. Espero que as perguntas vindas de pesquisadores negros e indígenas sejam perguntas novas no grupo onde esse pesquisador vai ser recebido. Estamos querendo trazer sangue novo para grupos de pesquisa do Rio de Janeiro, na área de ecologia, perguntas vindas desse grupo historicamente excluído na área científica. A gente está muito animada”, disse à Agência Brasil a diretora de Ciência do Serrapilheira, Cristina Caldas.



investimento


A área escolhida foi a ecologia, cujos problemas são pensados ​​por diferentes disciplinas, como matemática e física, e não só a biologia, destacada. O edital distribuirá bolsas para os investigadores, mas também recursos para eles desenvolverem seus projetos e fazerem ciência. “A gente está dando bolsa e dinheiro. Isso é inovador”, sublinhou Cristina Caldas.

Entre pagamento de bolsas e recursos para as pesquisas, para desenvolvimento na área da ecologia, o edital engloba um total de R$ 10,2 milhões. Poderão concorrer às oito vagas de cientistas negros e indígenas de todas as partes do Brasil e também do mundo, incluindo brasileiros e estrangeiros. Como a chamada é cofinanciada pela Faperj, as pesquisas teriam que ser desenvolvidas no estado do Rio de Janeiro. “A gente está falando de circulação, de renovação de ideias”.

O edital completo será conhecido em janeiro próximo e as inscrições começarão em 21 de março, com encerramento previsto no dia 24 de abril de 2023. . A divulgação da chamada agora visa dar tempo para que o pesquisador possa ir se preparando, esclarecidou Cristina. Os pesquisadores terão três anos para desenvolverem as pesquisas, renováveis ​​por mais dois anos.



Diversidade


“Nosso objetivo, no final das contas, é que essas pessoas depois consigam posições formais em instituições de pesquisa no Brasil. A gente está estimulando a diversidade na ciência, em última análise, porque a gente quer ver mais pessoas negras e indígenas em posições de liderança na ciência. Estamos ajudando nesse período, com todo esse olhar especial às perguntas que eles estão trazendo também, mas com o objetivo final de que tenham cada vez mais representatividade em instituições de pesquisa no país”, afirmou uma diretora do Serrapilheira.

O foco do edital são jovens cientistas que concluíram o doutorado em qualquer área do conhecimento científico entre 1º de janeiro de 2012 e 31 de dezembro de 2022. Os candidatos não devem ter nenhum tipo de vínculo empregatício com instituições de ciência e tecnologia (TICs) . Os interessados ​​devem indicar o grupo de pesquisa que vão se integrar. Esse grupo deve ser formado por outros cientistas e atuar no Rio de Janeiro.

Os oito candidatos selecionados escolheram uma bolsa mensal de R$ 8 mil, além de até R$ 700 mil para o financiamento da pesquisa durante três anos, renovável por mais dois anos. Serviços ainda disponibilizados mais de R$ 100 milhões especificamente para integração e formação de pessoas de grupos sub-representados nas equipes de pesquisa.

Para o diretor-presidente do Serrapilheira, Hugo Aguilaniu, a ecologia tropical deve ser um dos eixos estratégicos a guiar os investimentos em ciência no país. “Precisamos desenvolver o enorme potencial de liderança do Brasil em combater a crise climática e a devastação de biomas, tornando o país um ‘hub’ global de cientistas do clima e da biodiversidade”, afirmou.

Já o presidente da Faperj, Jerson Lima Silva, acentuou que, ao fomentar a pesquisa em um campo como a ecologia, “estamos cumprindo nosso papel para as futuras gerações. E quando direcionamos este edital para jovens talentosos negros e indígenas, acreditamos que estamos resgatando nossas dívidas com o passado. Espero que os resultados sejam surpreendentes, aliando grupos diversos e trazendo contribuições criativas”, manifestou Silva.

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