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Eduardo Girão anuncia pedido de impeachment de Moraes

Eduardo Girão anuncia pedido de impeachment de Moraes

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O senador Eduardo Girão (Novo-CE) disse, nesta terça-feira (13), que irá protocolar um “super” pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, no próximo dia 9 de setembro. A medida será feita em conjunto com outros parlamentares de oposição. Girão explicou que o pedido deve ser uma série de “arbitrariedades” atribuídas a Moraes. Entre eles, o senador citou as prisões de Felipe Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, e de Silvinei Vasques, que foi diretor da Polícia Rodoviária Federal durante a gestão Bolsonaro, e o 8 de janeiro de 2023.

O pedido não foi baseado nas recentes informações de que o gabinete do ministro Alexandre de Moraes teria ordenado a elaboração de relatórios pela Justiça Eleitoral para embasar suas decisões contra apoiadores de Bolsonaro e comentaristas políticos de direita no inquérito de notícias falsas, durante e após as eleições de 2022. Em entrevista à Espaço Liberdadeo senador afirmou que havia acabado de saber essa informação, que foi apurada e publicada pelo jornal Folha de S. Paulomas que ela será aplicada ao pedido de impeachment.

Segundo ele, o pedido de impeachment será recebido conjuntamente por outros senadores, deputados, juristas e representantes da sociedade civil. UM Gazeta do Povoo senador afirmou que ainda não pode divulgar o nome dos senadores e deputados que já repassaram a proposta, mas que a lista será divulgada na tarde desta quarta-feira (14) durante uma entrevista coletiva sobre o tema que será realizado no Senado Federal.

Ele disse que queria que todos os 81 apoiassem, mas permitiu que muitos tenham recebimento. “Muitos têm processos no STF. Muitos têm correligionários que processos têm que estão no STF”, afirmou.

O senador destacou que nunca foi feito um pedido de impeachment coletivo do tamanho que esse deve ter. Ele também elogiou uma iniciativa anterior, organizada pelo jornalista Caio Coppolla, que conta com quase cinco milhões de assinaturas. Ele ainda destacou que esse pedido em específico está engavetado na mesa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Girão afirmou que espera que o “super impeachment”, como o novo pedido tem sido chamado, receba o apoio de mais senadores, de mais deputados e que, em conjunto com a mobilização da população, seja finalmente levado adiante. Para o senador, a grande questão do Brasil na atualidade é uma crise de valores, uma crise moral, e que o Senado, diante de tudo isso, não pode ficar calado.

Em relação a outros pedidos de impeachment, como o do ministro do STF Roberto Barroso, protocolado por senadores no ano passado, Girão afirma que o atual tem mais embasamento e mais apoio. “Esse é um coletivo, aquele outro foram uns sete ou oito senadores, eu não me lembro bem. Esse envolve deputados federais, tem mais apelo, gravidade que aconteceram de vários arbítrios”, comentou.

Mobilização do 7 de Setembro

A ideia é que a população pressione deputados e senadores e vá às ruas no dia 7 de setembro, data final para que os parlamentares e outras pessoas assinem o pedido, para se manifestarem a favor do impeachment de Moraes.

“Tem 7 de setembro aí, mobilização das pessoas para esse pedido de impeachment, é um dado simbólico. Eu acho que tudo isso vai culminar com a ordem de mobilização, importação das pessoas junto aos parlamentares. Eu acredito que água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, disse o senador à Gazeta do Povo.

A ideia de protocolar o pedido no dia 9 de setembro foi do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), conforme o senador afirmou em entrevista ao vivo no X, para o perfil Espaço Liberdadeno fim da tarde desta terça-feira. “É importante que a sociedade venha junto, porque atingimos um nível surreal de abusos”, afirmou Girão durante uma entrevista.

Arbitrariedades de Moraes embasam o pedido de impeachment, diz Girão

Ao todo, o senador elencou para a Gazeta do Povo os 10 principais pontos que embasam o pedido:

  • Violações de direitos constitucionais e humanos;
  • Violações ao devido processo legal e ao sistema acusatório;
  • Abusos de poder;
  • Prevaricação na situação que desencadeou a morte de Clezão (Clériston Pereira da Cunha);
  • Desrespeito ao Código de Processo Penal com a utilização da prisão preventiva como meio de constrangimento para obtenção de delações premiadas;
  • Desconsiderar pareceres da PGR no sentido da concessão da liberdade de presos do dia 08/01;
  • Violação das prerrogativas dos advogados;
  • Não concessão de prisão domiciliária ou liberdade provisória a pessoas com problemas de saúde graves;
  • Dilatação das prisões preventivas sem a apresentação da denúncia pelo MPF;
  • Violação de direitos políticos de parlamentares no exercício das suas funções.

Em relação aos presos do dia 8/01, Girão afirma que são presos políticos que estão passando por privações. Ele defendeu que aqueles que erraram, que depredaram os espaços públicos nesses dados, precisam ser punidos, mas não da forma como foram feitos, com pessoas que nem sequer possuem foro privilegiado sendo julgados pelo STF.

Outro ponto destacado pelo senador é a recente decisão de Moraes em relação ao senador Marcos do Val (Podemos-ES). Apesar de não concordar com a postura de Val, ele afirma que é uma arbitrariedade o bloqueio das contas do senador.

“A gente tem que respeitar as pessoas, mas um erro não justifica o outro. Eu acredito que tanto o deputado Daniel Silveira, quanto o senador Marcos do Val se excederam por questões pessoais. Mas existe previsão de calúnia, difamação e injúria para os próprios ministros [do STF] entrarem”.

“Então, a gente está vivendo uma ditadura da toga e nós vamos cumprir nosso papel aqui, com muita sabedoria, com muita firmeza, com a ajuda dos brasileiros, sedentos por justiça, para que a gente possa ter resultado diferente [em relação ao impeachment]”, afirmou durante entrevista ao Espaço Liberdade.

O senador também defendeu uma proposta para o fim do foro privilegiado, avançar na Câmara “para libertar o país”. Girão também destacou que, além dessa proposta, estão paradas na mesa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) as Propostas de Emenda à Constituição (PEC) que colocam fim às decisões monocráticas dos ministros do STF e que criminalizam as drogas. “O fim das decisões monocráticas, a PEC das drogas, tudo isso está parado na Câmara. Então, vamos cobrar os deputados também”, concluiu o senador.

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