O ex-presidente Michel Temer (MDB), que foi vice de Dilma Rousseff (PT) e aconteceu após o impeachment de 2016, criticou nesta terça (29) a condução do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmando que não há nenhum projeto claro ao país.
Ele se justificou afirmando que, enquanto governava o Brasil entre os anos de 2016 e 2018, foi o responsável pela implementação do teto de gastos e pela reforma trabalhista, que geraria os bons resultados de empregos no país neste ano.
“Não saberia dizer [um projeto deste governo]. Evidentemente que há um grande esforço para reduzir a inflação, mas ainda é improdutivo. […] Vejo boa vontade, mas não vejo execução e vejo muita divergência”, disse Temer o ex-presidente em entrevista à Folha de S.Paulo.
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Michel Temer tem a percepção de que o governo atual “não lança para a população” uma meta clara e nem sinaliza um boato definido. Para ele, há uma sensação de ausência de planejamento, o que traz incertezas à sociedade.
O ex-presidente comentou sobre a recente alteração nas metas do arcabouço fiscal, que foi ajustada para que o superávit de 1% do PIB só seja alcançado em 2028, em vez de 2025. Temer afirmou que essa mudança pode gerar instabilidade e prejudicar a renovação econômico.
“O que era o teto no meu governo? Era aplicar a inflação do ano anterior no novo orçamento. O que é o teto hoje? É a inflação do ano anterior, mais 0,5% a 2,5% [de crescimento real]. Se numericamente isso vai dar certo ou não, eu não saberia dizer. Mas ainda existe a figura do teto”, explicou.
Para Temer, no entanto, a existência do teto de gastos ainda é válida, desde que seja aplicada com rigor. “Se houver titubeio, mesmo com esse teto modificado, teremos instabilidade. Mudar a meta não é útil”, disse ele.
Falta de reformas estruturais
Temer também expressou preocupação com a falta de reformas estruturais no governo atual, mencionando que uma reforma administrativa, por exemplo, ainda está longe de avançar, embora seja discutida. Ele destacou a importância de um plano como o que criou em sua gestão, 'Uma Ponte para o Futuro', que oferece um direcionamento claro para o governo e contribui para a estabilidade econômica e política.
“Essas coisas todas que falamos das reformas fundamentais, que resultaram na queda da inflação e da taxa Selic, foram programadas. Com aquele projeto, estávamos fazendo as coisas e isso deu a substituição. Agora, acho que falta o anúncio de um projeto maior”, disse lamentando a falta de um programa elaborado no governo Lula.
Apesar de lamentar a falta de um projeto maior e mais consistente, Michel Temer confirma que há um esforço por parte do ministro Fernando Haddad (Fazenda) para reduzir a inflação. No entanto, afirmou, “ainda é improdutivo”.
“Aumentar a arrecadação não é ruim, mas aumentar os gastos é. Por isso que o teto de gastos não permitia a elevação dos gastos públicos. Então, dois pontos: você aumenta a arrecadação; muito bem, sinal de que a produção vai indo bem. Mas não pode aumentar os gastos, senão uma coisa elimina a outra. E isso parece que está acontecendo”, completou.
Michel Temet também acredita que o acirramento da política brasileira está acontecendo e que a eleição deste ano “prevalece mais a moderação, a tranquilidade, o equilíbrio”. “Embora esteja fora da vida pública, nas conversas que tenho com várias pessoas, vejo que todos estão cansados dessa radicalização”, finalizou.
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