O futuro da usina nuclear Angra 3 ficou para o ano que vem. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) adiou para janeiro a decisão sobre a continuidade das obras da usina. O projeto foi iniciado na década de 1980 e até hoje tem 65% das obras concluídas.
O veredicto sobre o empreendimento foi marcado para terça-feira (dia 10). Na reunião, foi apresentado um estudo sobre a modelagem técnica, financeira e jurídica do projeto, realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Uma análise foi feita a pedido da Eletonuclear – estatal responsável pela usina – para decidir sobre a continuidade das obras na usina.
Com isso, houve um pedido de vistas coletivas, postergando a decisão, que deveria ficar para final de janeiro. Os estudos deverão ser realizados pelos ministérios da Fazenda, Planejamento e BNDES. Em seu site, a Eletronuclear diz que a previsão é de que a usina entre em operação no final de 2028.
A Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan) atualmente o adiamento “um retrocesso significativo” para não cumprir as metas de transição energética, afetando a cadeia de suprimentos do setor nuclear brasileiro e afetando a diversificação e segurança da matriz energética nacional.
“Angra 3 é um projeto essencial para garantir a oferta de energia limpa e segura no Brasil, e também para fortalecer a soberania tecnológica do país e contribuir com o aumento da economia local. Cada novo adiamento aumenta os custos do projeto, reduz a competitividade do setor, compromete metas de sustentabilidade e deixa de gerar quase 10 mil empregos”, argumentou o presidente da Abdan, Celso Cunha.
Até agora, foram investidos cerca de R$ 7,8 bilhões em Angra 3, segunda a Eletronuclear. Para concluir a obra, serão necessários cerca de R$ 20 bilhões. O valor é próximo a R$ 23 bilhões caso o projeto seja abandonado, segundo cálculos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Paralisada em 2015 devido à revisão do financiamento, a obra foi retomada em 2022. Ao longo das décadas também parou por problemas de orçamento, licitações e as investigações na Operação Lava Jato.
Angra 3 é a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro. No mesmo complexo estão as usinas Angra 1 e as únicas nucleares no país.
A estimativa é que Angra 3 terá capacidade de 1.405 MW, o suficiente para atender 4,5 milhões de pessoas, o que é o equivalente a 60% do consumo do estado do Rio e 3% do consumo do Brasil.
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