O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal nesta quinta-feira (21) no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado no país. Após o indiciamento, o ex-mandatário criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do caso, pela condução da investigação.
Bolsonaro disse que Moraes “conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa” e que “faz tudo o que não diz a lei”. Para o ex-mandatário, a PF também usou a “criatividade” para indiciá-lo. portal Metrópolesele ressaltou que vai aguardar que seus advogados tenham acesso ao documento.
“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa criatividade para me denunciar”, afirmou.
Segundo a PF, a suposta trama golpista incluiu os assassinados do presidente Lula (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes. Confira abaixo o que dizem as defesas dos indiciados. O espaço segue aberto para manifestações de indiciados ou de suas equipes jurídicas.
Valter Braga Netto
A defesa do general Walter Braga Netto repudiou “veementemente” o vazamento de informações de inquéritos à imprensa “em detrimento do devido acesso às partes diretamente envolvidas e interessadas”.
“A defesa técnica do General Walter Souza Braga Netto destaca e repudia veementemente, e desde logo, a indevida difusão de informações relativas a inquéritos, concedidas 'em primeira mão' a certos veículos de imprensa em detrimento do devido acesso às partes diretamente envolvidas e interessadas ”, diz a nota assinada pelos advogados Luís Henrique Prata, Gabriella Venâncio e Francisco de Lima.
Alexandre Ramagem
Também indiciado pela PF, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo Bolsonaro, foi mais um dos membros da direita que criticou o STF e afirmou que o “ordenamento no Brasil passou a ser a criatividade”.
“Não importa a construção da segurança jurídica. Fundamentos do iter criminis [caminho do ato criminoso]fases para um crime, da ideação à consumação, com conceitos modificados. Sistematório acusação, divisão entre investigação, acusação, julgamento e a própria vítima completamente desrespeitado e descaracterizado”, disse Ramagem.
“A lógica investigativa foi alterada de materialidade à autoria, para um início a partir da escolha de alvos, necessidade de imputar e posterior 'produção' de provas. Juiz natural, competência, legalidade e devido processo relativizados. É a praxe processual no Brasil atual . Aqui, sim, não há eventos isolados”, afirmou.
“Narrativas se tornam fatos. Estúpidos absurdos como essa descabida prisão do Filipe Martins, com vergonhosa conclusão de relatório, é um dos diversos e graves atropelos à ordem e legalidade. Onde isso irá parar? Excessos e perseguições são mais do que evidentes. Não é mais apenas para a história julgar”, completou o deputado.
Almir Garnier
A defesa de Almir Garnier reiterou a “inocência” do almirante e disse que espera ter acesso à íntegra dos autos para se manifestar. “Em relação ao indiciamento do Almirante Almir Garnier, a defesa reitera a inocência do investigado, esclarecendo que ainda não teve acesso integral aos automóveis”, diz a nota do advogado Demóstenes Torres, que representa Garnier.
Anderson Torres
A defesa de Anderson Torres afirmou que só vai se manifestar quando tiver acesso à íntegra do relatório.
Paulo Figueiredo
Já Paulo Figueiredo, comentarista político de direita, disse se sentir “honrado” pelo indiciamento, que classificou como uma “campanha de intimidação conduzida pela gestapo de Alexandre de Moraes” para tentar silenciá-lo.
“A conduta criminosa que me é atribuída é a de reportar, com precisão, os acontecimentos ocorridos no alto comando do Exército brasileiro. Curiosamente, não estive no Brasil nem uma vez em 2022, tendo realizado todo o meu trabalho jornalístico nos Estados Unidos, onde residi há quase uma década”, disse Figueiredo, em nota nas redes sociais.
José Eduardo de Oliveira Silva
A defesa do padre José Eduardo de Oliveira Silva atualmente a divulgação dos nomes dos indiciados um “abuso” e uma “quebra” da determinação de Moraes, que decretou sigilo na investigação.
“Menos de 7 dias depois de dar depoimento à Polícia Federal o meu cliente vê seu nome estampado pela Polícia Federal como um dos indicados pelos investigadores. Os mesmos investigadores não se furtaram em romper a lei e tratado internacional ao vasculhar conversas e instruções espirituais que possuem garantia de sigilo e foram realizadas pelo padre”, explicou o advogado do padre, Miguel Vidigal, em nota enviada à Gazeta do Povo.
Marcelo Câmara e Tércio Arnaud Tomaz
A defesa de Marcelo Câmara disse discordar “veementemente” do indiciamento e destacou que confia na “atuação isenta, técnica e guiada pela busca da verdade” do Ministério Público.
“Reafirmamos nosso compromisso com a verdade e com o pleno respeito ao devido processo legal, certos de que a inocência do Cel. Marcelo Costa Câmara será devidamente reconhecido no curso das apurações”, disse o advogado Luiz Eduardo Kuntz, que representa o coronel, em nota à imprensa.
Kuntz criticou ainda o indiciamento de Tércio Arnaud Tomaz, também seu cliente, pois “entende que ele não se sustenta diante da ausência de qualquer elemento concreto que vincule” Arnaud às condutas investigadas.
Angelo Martins Denicoli
A defesa de Angelo Martins Denicoli disse que “prefere se manifestar nos autos”, e que não teve acesso ao relatório, informou a Agência Brasil.
Valdemar Costa Neto
A defesa de Valdemar Costa Neto disse que não vai se manifestar.
Cleverson Ney Magalhães
Os representantes de Cleverson Ney Magalhães afirmaram que irão se manifestar no curso da instrução processual.
Amauri Feres Saad
Na mesma linha, a defesa de Amauri Feres Saad não quis se manifestar, porque “ainda não teve acesso ao relatório da Polícia Federal”.
Ronald Ferreira de Araújo Júnior
A defesa de Ronald Ferreira de Araújo Júnior negou que ele tenha participado do suposto plano de golpe e disse que o indiciamento “não condiz, a toda evidência, com a realidade dos fatos”.
Rafael Martins de Oliveira e Guilherme Marques de Almeida
Os representantes de Rafael Martins de Oliveira e a defesa de Guilherme Marques de Almeida também aguardam o acesso aos autos para se manifestarem.
Lista de indicados pela PF
- Ailton Gonçalves Moraes Barros;
- Alexandre Castilho Bitencourt da Silva;
- Alexandre Rodrigues Ramagem;
- Almir Garnier Santos;
- Amauri Feres Saad;
- Anderson Gustavo Torres;
- Anderson Lima De Moura;
- Ângelo Martins Denicoli;
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira;
- Bernardo Romão Corrêa Netto;
- Carlos César Moretzsohn Rocha;
- Carlos Giovani Delevati Pasini;
- Cleverson Ney Magalhães;
- Estevam Cals Teófilo Gaspar De Oliveira;
- Fabrício Moreira De Bastos;
- Filipe Garcia Martins;
- Fernando Cerimedo;
- Giancarlo Gomes Rodrigues;
- Guilherme Marques De Almeida;
- Hélio Ferreira Lima;
- Jair Messias Bolsonaro;
- José Eduardo De Oliveira E Silva;
- Laércio Vergílio;
- Marcelo Bormevet;
- Marcelo Costa Câmara;
- Mário Fernandes;
- Mauro César Barbosa Cid;
- Nilton Diniz Rodrigues;
- Paulo Renato De Oliveira Figueiredo Filho;
- Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira;
- Rafael Martins De Oliveira;
- Ronald Ferreira De Araújo Junior;
- Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros;
- Tércio Arnaud Tomaz;
- Valdemar Costa Neto;
- Walter Souza Braga Netto;
- Vladimir Matos Soares.
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