Francisco de Assis Almeida, de 40 anos, estava vestido de preto. Segundo moradores, traficantes do Comando Vermelho proibiram que cor fosse usado na comunidade. Homem morto após ser confundido com miliciano no Catiri será enterrado na Bahia Vai ser enterrado na Bahia o corpo do homem morto na comunidade do Catiri, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, por traficantes. Francisco de Assis Almeida estava indo para a igreja na noite de sexta-feira (10) e, de acordo com testemunhas, foi confundido com miliciano porque estava vestido de preto. Na manhã deste sábado (11), os pais de Francisco estiveram no Instituto Médico-Legal (IML) para liberar o corpo. Francisco, de 40 anos, nasceu na Bahia. Ele esteve no Rio há pouco mais de 1 ano em busca de oportunidades. “Ele veio a trabalhar. Era um cara trabalhador, gostava de ajudar as pessoas, muito bom de coração”, disse a prima. Francisco era evangélico e na sexta estava se preparando para participar de um retiro da igreja. Antes de sair, mandou um áudio para um tio. “Já estou indo. Tô indo lá pro sítio. Lá não pega sinal de telefone, nada. Aí eu vou voltar domingo. Aí domingo, duas até quatro horas já estou em casa”. Pouco tempo depois de mandar uma mensagem, ele se encontrou com algumas pessoas para participar do evento. Foi quando os criminosos chegaram de carro e atiraram contra Francisco, que morreu na hora. A suspeita é que ele tenha sido confundido com um miliciano por causa da cor da roupa que estava usando. Proibição de vestir roupa preta Segundo moradores, traficantes do Comando Vermelho (CV) que atuam na região deram uma ordem para que ninguém use roupas pretas. “Como miliciano usa preto e final de semana é cobrança, sexta, eles passaram lá e atiraram”, falou a prima. Francisco de Assis Almeida foi morto no Catiri Reprodução/TV Globo Logo depois do crime, uma testemunha fez imagens e falou da determinação dos bandidos. “Aí, mataram o homem da igreja, gente… eles estavam tudo indo pra igreja, fazer projeto. Jesus, misericórdia. Sabe que não pode andar de preto… meu Deus. Mataram o menino”. Membros da igreja frequentada por Francisco há quatro meses estão inconsoláveis: “Muito amado, querido, rapaz de bem”; “Ele foi ótimo. Tão ótimo que tá todo mundo muito abalado”; “Eu, como pastora dele, posso dizer que a gente perdeu uma grande ovelha”. O crime deixou moradores da região revoltados. Um homem desabafou: “O que vai ser de nós, que nada temos a ver com essa guerra? Não pode usar preto, vermelho, capacete, entrar na rua errada, fazer sinais com as mãos”. A região do Catiri é alvo de disputa há anos entre tráfico e milícia. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) tenta identificar os responsáveis pelo ataque. “Acho que vou ser a primeira pessoa dando entrevista, que não vou pedir justiça, porque não tem. Não tem. Ninguém respeita a gente. Ninguém respeita o trabalhador, sai atirando, sai mandando”, falou a prima de Francisco.
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