BCN

Chefe da Casa Civil diz que não há ‘desconforto’ sobre ministra ligada a miliciano do RJ – Notícias

Chefe-da-Casa-Civil-diz-que-nao-ha-desconforto-sobre.jpeg


Mesmo após a repercussão negativa, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta quarta-feira (4) que não há “nenhum tipo de desconforto” com o episódio que envolve a ministra do Turismo, Daniela do Waguinho (União Brasil -RJ), ligada a milicianos no Rio de Janeiro.

“Uma ou outra, repercussão [mas] nenhuma materialidade concreta sobre nada que chore algum tipo de desconforto. Se surgirem coisas novas, aí é outra história. Mas até agora nenhum tipo de desconforto”, afirmou Costa durante um evento no Palácio do Planalto.

A ministra é ligada à família de Juracy Alves Prudêncio, o Jura, condenado por chefiar uma milícia na Baixada Fluminense. A política se reelegeu deputada federal pela União Brasil no ano passado e assumiu a pasta de Turismo na última segunda-feira (2).

Jura é ex-sargento da Polícia Militar do RJ e foi condenado a 22 anos de prisão pelos crimes de homicídio e homicídio culposo. Ele já cumpriu cerca de 15 anos. A ministra do Turismo de Lula é casada com Waguinho, prefeito de Belford Roxo (RJ) e presidente estadual do União Brasil no Rio de Janeiro.


Daniela é a próxima da esposa de Jura, conhecida como Giane Jura, ex-vereadora de Nova Iguaçu (RJ). Nas redes sociais de Giane, há vários registros de Daniela e Waguinho, inclusive em eventos com Lula, como a caminhada “Elas fazem o L pela Democracia”, ocorrida em 27 de outubro de 2022, em Belford Roxo (RJ).

Giane declarou apoio a Daniela em agosto do ano passado e pedia votos com frequência para a agora ministra. A esposa de Jura também fez campanha para Daniela em 2018, quando ambos apoiaram o então candidato Jair Bolsonaro (PL), à época no PSL. Jura participou dos eventos em apoio a Daniela naquele ano.

Ele chegou a ser nomeado para um cargo comissionado na Secretaria de Defesa Civil e Ordem Urbana de Belford Roxo após ter passado do regime fechado para o semiaberto, em maio de 2017. À época, Waguinho, marido da ministra de Lula, cumpria o primeiro mandato à frente da prefeitura do município.

Em janeiro de 2020, a Vara de Execuções Penais suspendeu o trabalho de Jura fora da cadeia. A medida cautelar foi tomada a pedido do Ministério Público após manifestações de irregularidade no cumprimento do benefício, já que ele não comparecia ao local de trabalho.

Em um dos processos em que o ex-sargento foi condenado, a juíza Beatriz de Oliveira Monteiro Marques refere-se a ele como comandante de “milícia privada extremamente organizada para a prática de delitos graves, tendo como área de atuação vários municípios da Baixada Fluminense , como Belford Roxo, Queimados e Nova Iguaçu”, com atuações na “política, ameaçando moradores das localidades em que atuava a votarem nele”, já que Jura seria “detentor de poder e de capacidade para arregimentar homens e armas dentro de sua estrutura criminosa , mesmo estando preso”.


O R7 procurei a assessoria de Daniela Carneiro no Ministério do Turismo. Em resposta à reportagem, a ministra afirmou que ligação política não quer dizer concordar com atividades criminosas.

“A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, durante sua campanha, em 2018, recebeu apoio em diversos municípios. Ela ressalta que o apoio político não significa que ela compactue com qualquer apoiador que porventura tenha cometido algum ato ilícito. Daniela Carneiro salienta que competir à Justiça julgou quem comete possíveis crimes. Quanto às nomeações na Prefeitura de Belford Roxo, a ministra enfatiza que não tem nenhuma ingerência, pois o ato é de competência exclusiva do Poder Executivo”, disse, em nota.

A defesa de Jura optou por não se manifestar. Em 2010, defensores do ex-sargento publicaram uma página na internet intitulada “Somos Jura”. De acordo com a descrição, ela foi criada por moradores dos bairros Comendador Soares, Rosa dos Ventos e quase os contrários à prisão dele. A última postagem da página é de outubro de 2014.

“Ele não passa exclusivamente de um cidadão comum, chefe de família, membro atuante da nossa comunidade. a presença de qualquer policial já incomoda muito”, escreveram os apoiadores.

Sair da versão mobile