
Uma estratégia de encurralar crimes que davam apoio armado a traficantes procurados na megaoperação de terça-feira (28) na zona norte do Rio concentrou uma troca de tiros em uma área de mata. De acordo com o relato de moradores e da polícia, foi no local conhecido como “Mata da Pedreira” que aconteceu o contato mais violento entre policiais e bandidos.
A concentração desses combates no mato teve como objetivo evitar mortes entre os moradores das comunidades carentes, segundo o secretário da Polícia Militar do Rio, coronel Marcelo de Menezes. Menezes afirma que o chamado “Muro do Bope” teve como objetivo principal a proteção do “cidadão de bem”.
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“Políticos que fizeram incursão nessa área fizeram com que os marginais fossem empurrados através das nossas incursões para essa área mais alta. Isso tinha o objetivo claro de proteger a população de bem que mora naquela região. Nosso objetivo principal era garantir a integridade física das pessoas de bem”, disse Menezes em entrevista coletiva nesta quarta (29).
A fuga dos criminosos foi bloqueada com agentes ocupando as áreas florestais que circundam a região. Foi deste local que surgiram as bolsas de cadáveres que, desde a manhã, foram colocadas em uma das vias mais importantes do bairro da Penha, gerando uma das imagens mais impressionantes da ação policial, que terminou com cerca de 120 mortos.
Moradores relatam atrocidades
O presidente da associação de moradores do Parque Proletário, Erivelton Vidal Correa, declarou em entrevista à Agência Brasil que houve sinais de mortes por execução nessa área de mata. Os moradores encontraram muitos cadáveres com sinais de mutilação e acusações de que a Polícia Militar matou suspeitos após a rendição.
“Muitos corpos deformados, com perfurações no rosto, perfurações de faca, cortes de digitais, dois corpos decapitados”, disse Correa.
A Polícia Civil investiga a ação de moradores do local para alterar provas forenses de associação dos mortos com o crime organizado. Há imagens que mostram as pessoas retirando as roupas camufladas – próprias de militares – que vestiam o corpo dos mortos, antes de os enfileirar na rua.
O objetivo seria dar a impressão de que a polícia teria cometido abusos contra moradores, quando os corpos eram os de criminosos que receberam uma incursão da polícia com granadas e explosivos atirados por drones.
Câmeras corporais
Menezes afirmou que as câmeras dos policiais ficaram ligadas ao longo da operação, mas sua bateria tem uma duração de 12 horas, portanto a maioria dos equipamentos já não teria mais como funcionar depois das 15h daquela tarde.
“Diante do cenário em que os policiais atuavam na operação, certamente, em determinado momento, as baterias se esgotaram e as gravações foram interrompidas. Como houve forte confronto, isso impediu que as baterias fossem parcialmente substituídas”, explicou.










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