O delegado da Polícia Federal (PF), Valdecy Urquiza, foi confirmado como novo secretário-geral da Interpol. A decisão foi oficializada na 92ª Assembleia-Geral da Interpol em Glasgow, no Reino Unido, nesta terça-feira (5). O mandato do brasileiro será até 2029.
Em entrevista para a CNN BrasilUrquiza foi questionado sobre a difusão vermelha de foragidos, em especial dos confirmados ligados aos atos de 8 de janeiro. Ao incluir foragidos na lista de difusão vermelha, todas as polícias federais dos países signatários são acionadas. Urquiza, no entanto, limitou-se a explicar a atuação da organização e afirmou que não há qualquer tipo de influência ou intromissão da Interpol sobre as polícias.
“A Interpol, como organismo internacional, respeita a soberania de cada um dos países, membros então, ela não tem uma ingerência na polícia local. É um trabalho sempre de apoio e de forma progressiva. E hoje possui 196 países, sendo um dos maiores organismos internacionais”, disse o novo secretário-geral da Interpol em entrevista à CNN.
Urquiza também foi questionado se as investigações de envolvimento de crimes no Brasil serão mais ágeis. Em resposta, ele afirmou que seu compromisso é tornar uma organização mais moderna e eficiente para todos os países membros. “A participação do Brasil no comando da organização é uma participação estratégica. O nosso objetivo é modernizar a organização, torná-la mais eficiente, mais próxima dos seus países membros. Isso com certeza refletirá numa maior eficiência para todo o sistema de cooperação internacional, não só no Brasil, mas para todos os países que fazem parte da organização”, concluiu Urquiza na entrevista concedida à CNN.
Sobre a Interpol e o novo secretário-geral brasileiro
Ao longo de 101 anos de história, a Interpol já teve oito secretários-gerais: um austríaco, quatro franceses, um britânico, um alemão e um norte-americano. O brasileiro Valdecy Urquiza será o primeiro cidadão de um país em desenvolvimento a chefiar o órgão. Quem deixa a carga é o alemão Jürgen Stock, que assumiu o posto em 2014. Os mandatos da carga são de cinco anos.
Dos 196 países-membros, 153 votaram na Assembleia Geral que transferiram Urquiza ao posto principal da Interpol. Destes,145, representando 96% dos presentes, aprovaram o nome do brasileiro, seis países votaram contra e dois se abstiveram.
Nascido em São Luís, no Maranhão, e filho de um bacharelado em direito, Urquiza se formou no mesmo curso em Fortaleza e ingressou na PF em 2004 por concurso. Em 2007, de volta a São Luís, iniciaram as atividades na corporação à frente da delegacia de crimes ambientais.
Em 2015, o delegado assumiu o escritório nacional da Interpol no Brasil, em Brasília. Três anos depois, transferiu-se para a sede da organização na França, onde atuou como diretor-adjunto para comunidades vulneráveis e diretor de combate ao crime organizado na Secretaria-geral. Ao retornar ao Brasil, em 2021, voltou a trabalhar com cooperação internacional na PF e foi eleito vice-presidente das Américas pelo Comitê Executivo da Interpol.
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