O líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, criticou o governo nesta quarta (14) por “se medir” em assuntos relativos à soberania de outros países – neste caso, por cobrar da Venezuela a divulgação das Atas de votação que preencheram reelegeram o ditador Nicolás Maduro.
A crítica de Stédile foi feita em referência à decisão do presidente do México, Manuel López Obrador, de suspender as conversas com o Brasil e a Colômbia sobre a crise na Venezuela. Os três países chegaram a escrever uma carta conjunta para iniciar o governo venezuelano para comprovar a vitória de Maduro, mas Obrador decidiu esperar que a Corte do país se pronunciasse.
“É muito sábia a posição do presidente do México López Obrador sobre a situação da Venezuela. Ó Itamaraty [Ministério das Relações Exteriores brasileiro] deveria aprender com ele, em vez que querer se medir em assuntos de soberania de outros países”, disse.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) veio articulando com Obrador e Gustavo Petro, da Colômbia, uma negociação com o governo de Maduro para aprovar o resultado da eleição de 28 de julho. Passadas mais de duas semanas da votação, a Corte venezuelana não aprovou a vitória do ditador e suportou a repressão à oposição.
Há expectativa de que o ministro Mauro Vieira viaje à Colômbia para conversar com seu homólogo, Luís Gilberto Murillo, sobre o andamento das negociações com Maduro em torno do resultado das eleições. Também há a expectativa de uma ligação dos presidentes dos dois países, mas ainda é certo que Obrador participará da conversa, como se previa desde a semana passada.
Paralelamente a essa negociação, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou nesta terça (13) que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela não atingiu as normas de “transparência e integridade” durante as eleições presidenciais do país.
O relatório aponta que o governo não apenas desconsiderou as disposições legais e regulamentares nacionais, como também falhou em cumprir os prazos estabelecidos. Esse descumprimento, segundo a ONU, resultou em uma perda significativa de confiança por parte do eleitorado venezuelano em relação ao resultado anunciado – “sem precedente na história das eleições” do país, pontual.
A CNE da Venezuela, dominada pelo chavismo, alegou que Maduro venceu a eleição presidencial de 28 de julho, mas não convocou as atas de votação que comprovariam isso.
O PUD (principal bloco político contrário ao governo) disponibilizou num site cópias de mais de 80% das atas, que atestam que seu candidato, Edmundo González, venceu a eleição. O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela vai rever o resultado, mas não se espera uma decisão imparcial, porque a Corte também é controlada pela ditadura de Maduro.
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